A maioria dos locais de jogos da Rio-2016 está a uma longa caminhada das paradas de transporte público. Vagas de estacionamento para pessoas com deficiências inexistem. Uma vez dentro do evento, há muito pouca informação sobre assistência para cadeirantes, ou sobre como pegar uma carona em um carrinho de golfe.
“Eu vi somente um carrinho de golfe para pessoas com deficiência no Parque Olímpico, e quase me acertou”, diz Heitor Neto, 44 anos, um técnico em telecomunicações paraplégico que utiliza uma cadeira de rodas. “Os Jogos Olímpicos são muito piores do que a Copa do Mundo, e eu acredito que nas Paralimpíadas deve ser o mesmo lixo”.
Por lei, no Brasil, todos os prédios públicos e arenas devem ter rampas, elevadores ou outras acomodações para pessoas em cadeiras de rodas ou muletas, e parte da proposta do Rio de Janeiro para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos incluiu tornar a cidade mais acessível.
Agora, uma crise financeira ameaça as Paralimpíadas, programadas para começar dia 7 de setembro. E alguns dos que advogam em favor das pessoas com deficiência dizem que os esforços da Rio-2016 para tornar os Jogos acessíveis foram insuficientes.
“É muito melhor do que o Brasil normalmente oferece, mas especialmente porque estamos a caminho das Paralimpíadas, a acessibilidade deveria estar próxima da perfeição”, diz Raphaela Atahyde, superintendente do Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência (IBDD). “Quando tivermos um monte de pessoas com deficiências física, auditiva e visual no Parque Olímpico, com o ponto de ônibus tão distante, será um sério problema”.
Histórico de problemas
Há muito tempo o Rio tem sido um ambiente desafiador para pessoas com deficiência. Suas famosas calçadas em estilo português consistem em pequenas pedras formando mosaicos e são frequentemente desiguais ou pontuadas por falhas. Alguns restaurantes têm banheiros no segundo andar, mas não têm elevadores. A maior parte dos prédios não tem acesso via rampa.
“Eu sei que o prefeito investiu na cidade para torná-la acessível”, diz Craig Spence, porta-voz do Comitê Paralímpico. “Você não torna uma cidade perfeitamente acessível em sete anos. Espero que os jogos atuem como um catalisador e este seja apenas o início, e não o final”.
Regina Cohen, coordenadora do centro para melhora da acessibilidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro, também reconheceu os esforços da cidade.
No entanto, quando Regina, que usa cadeira de rodas, tomou a recém-inaugurada linha de metro do Rio para o Parque Olímpico, ela se deparou com um longo intervalo entre o trem e a plataforma, sem nenhum funcionário do metrô por perto para ajudar. Quatro outros passageiros tiveram de carregá-la para dentro e fora dos vagão.
“Eu pensei que com as novas estações eles fariam da forma correta”, diz Regina. “As estações são muito bonitas, mas a situação de acessibilidade é crítica”.
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