| Foto: Daniel Castellano/GAZETA

A cobertura dos Jogos do Rio gera controvérsia nos Estados Unidos, onde muitos telespectadores se queixam da rede NBC, que transmite competições importantes com horas de atrasos, nos horários de máxima audiência, e demonstram seu descontentamento pelo excesso de publicidade.

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Os problemas começaram já na cerimônia de abertura, na última sexta-feira. Ela foi transmitida com atraso e interrompida pela transmissão de reportagens e entrevistas gravadas com antecedência.

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No Twitter rapidamente foi criada a hashtag #nbcfail, referindo-se ao fato de muitos considerarem ruim a transmissão realizada por esta grande rede de televisão americana.

“Adoro os Jogos Olímpicos, mas não consigo ver a NBC. Quero esporte, não matérias para encher espaços e anúncios intermináveis”, se queixava um usuário do Twitter.

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Para Tobe Berkovitz, professor de Publicidade da Universidade de Boston, “muita publicidade, muita verborragia e muitos segmentos pré-gravados” podem tirar a vontade de muitos telespectadores.

Televisão padronizada

Os torcedores agora têm uma série de opções para acompanhar as competições, podendo inclusive assisti-las em “streaming” pela internet, por exemplo. Por causa disso são mais exigentes.

“O americano médio quer ser seu próprio programador, quer decidir o que vê e quando vê”, insistiu o professor.

A empresa matriz da NBC, NBCUniversal, forma parte do conglomerado de meios de comunicação Comcast, que desembolsou 1,2 bilhão de dólares para transmitir os Jogos do Rio de Janeiro, mas na era das redes sociais o grupo tem problemas para controlar tudo.

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Michael Socolow, professor de Comunicação e autor de um livro sobre os Jogos de Berlim-1936, considera que a NBC faz um desserviço aos telespectadores atrasando a divulgação de algumas grandes provas.

“O dever de um canal de televisão é colocar o telespectador na piscina, nos barcos a remo ou na pista de atletismo em tempo real. Vendo ao vivo, nos convertemos em participantes, mais que em público”, escreveu em um editorial no Boston Globe.

“As retransmissões olímpicas agora estão cheias de pequenas histórias emotivas, de resistências heroicas e lutas contra a adversidade. Neste sentido, os Jogos Olímpicos evoluíram e se converteram simplesmente em outro produto padronizado de televisão”, destaca.

“Bizarro e muito decepcionante”Outro ponto de descontentamento é que a NBC entrou em acordo diretamente com os organizadores do Rio-2016 para garantir que as provas cruciais, como a que permitiu ao nadador Michael Phelps ganhar seu primeiro ouro carioca no domingo, fossem transmitidas nos horários de máxima audiência nos Estados Unidos.

Neste caso são ao vivo, mas são transmitidas muito tarde na Costa Leste, o que irrita os telespectadores.

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“Finalmente, às 23h00, a NBC nos mostrou a principal prova”, lamentava M. G. Siegler, do Google Ventures. “Antes disso, tive que permanecer sentado durante quatro horas e engolir uma série de anúncios alienantes”.

Kerri Walsh Jennings, defensora do título americano de vôlei de praia, e sua nova companheira, April Ross, disputaram duas partidas à meia-noite (hora do Rio), e participarão de mais uma neste horário para chegar no “prime time” nos Estados Unidos, onde na Costa Leste é uma hora a menos.

Os amantes deste esporte comemoravam no Twitter, mas isso atrasou a transmissão da final da ginástica masculina, apresentada horas depois pela rede de televisão.

“Que curioso... Depois de transmitir uma simples partida de classificação de vôlei de praia restou um pouco de tempo para a ginástica masculina”, tuitou uma telespectadora indignada, Sheri Minkoff.

“Se tivermos sorte, os Jogos do Rio vão provar aos líderes da NBC que sua estratégia não vale mais”, afirmou Selly Jenkins, editorialista do Washington Post.

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Um porta-voz da NBCUniversal afirmou por e-mail que desde 2012 “todas as competições são transmitidas ao vivo em streaming, sem exceção”.

Mas estas transmissões pela internet às vezes estão distantes dos padrões da televisão: “Para a esgrima feminina, a transmissão de streaming consistia em um único plano longo de duas pessoas com máscaras, gesticulando e gritando”, conta Edmund Lee, redator-chefe do site Re/Code.

“Parece a gravação de uma câmera de segurança. Era bizarro e muito decepcionante”, afirmou.