Oksana Masters (à direita) compete pelos EUA| Foto: THOMAS LOVELOCK FOR OIS/IOC/AFP

Nascida três anos após o acidente nuclear de Chernobyl, numa das localidades da Ucrânia afetadas pela radiação, Oksana Masters apresentava no corpo os efeitos do desastre: uma tíbia mais larga que a outra, mãos com cinco dedos mas sem polegares, seis dedos em cada pé e apenas um rim. Abandonada pelos pais, passou a infância em vários orfanatos, passou fome e sofreu abusos. Até que, aos sete anos, foi adotada por Gay Masteres, uma fonoaudióloga americana que vivia no Kentucky. Então, começou uma nova vida.

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“Minha mãe, literalmente, salvou minha vida”, disse, sobre Gay, a quem chama também de “anjo”. “É incrível que eu ainda esteja aqui e me sinto muito sortuda por poder viver este sonho”.

No orfanato, nunca havia comida suficiente para matar a fome, conta a atleta, que estava desnutrida quando foi adotada. Ela relata ainda que havia abusos físicos e sexuais, mas diz que as memórias foram bloqueadas em sua mente. Não bastasse o pesadelo dentro da instituição, havia o ambiente externo. Oksana se lembra de policiais dizendo para que não saísse do orfanato por causa da radiação.

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Já nos Estados Unidos, aos 9 anos, Oksana sofreu amputação de uma perna acima do joelho. Cinco anos depois, passo pelo mesmo procedimento na outra. Foi então que começou a praticar remo e, graças ao esporte, conheceu um militar que havia perdido as duas pernas na guerra do Afeganistão: Rob Jones veio a se tornar seu marido. Juntos, conquistaram a medalha de bronze no remo, em Londres. “O esporte foi minha saída. Tinha 13 anos quando comecei e logo se tornou minha paixão”.

Por causa de uma lesão nas costas, Oksana teve de deixar o remo. Mas abraçou uma nova aventura, com os esportes de inverno, e, anos depois, conquistou uma prata e um bronze no esqui. Na Rio 2016, a atleta compete no ciclismo. Ficou em quarto lugar, sem medalha, mas aproveitou a passagem para passear pela Cidade Maravilhosa, que conheceu graças ao esporte. “Estou agradecida pela experiência e por tudo que vivi”.