A ausência de Thomas Bach na abertura dos Jogos Paralímpicos impediu que a polícia do Rio de Janeiro pudesse colher o depoimento do presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI) por conta do escândalo da venda ilegal de ingressos. Depois de mensagens encontradas no telefone do principal suspeito, o presidente do Comitê Olímpico Irlandês Pat Hickey, a participação de Bach no inquérito ganhou força, mesmo na condição de testemunha.
É a primeira vez em 32 anos que o presidente do COI não participa dos Jogos Paralímpicos. O COI informou que “não existem planos” por enquanto para uma visita de Bach ao Brasil. Oficialmente, ele não viajou ao Rio por conta do funeral de estado de Walter Scheel, o ex-presidente da Alemanha Ocidental. O COI, porém, não explicou por qual motivo nenhuma outra viagem de Bach estaria programada para o evento.
Tanto a polícia do Rio quanto o Ministério Público Federal indicaram que esperam a visita de Bach para o ouvi-lo “na condição de testemunha”. No total, entre 2014 e 2016, 65 e-mails foram trocados entre Hickey e Bach. Num deles, o irlandês pede mais ingressos para os Jogos do Rio e chega a fazer uma comparação do que ele recebeu em Londres, em 2012.
Fontes que investigam o caso confirmaram que outro ponto que levantou o interesse por Bach foi “a troca de mensagens nos telefones” entre os dois dirigentes.
Ingressos da “família olímpica” estavam alimentando a rede de cambistas pegos pela polícia do Rio nos primeiros dias dos Jogos. As entradas vinham do Comitê Olímpico Irlandês, presidido por Pat Hickey, um dos homens fortes também dentro do COI. Uma semana depois, Hickey seria preso no Rio.
Falta de cooperação
No Brasil, tanto o MP quanto a polícia tem se queixado da falta de cooperação do COI e não descartam a possibilidade de intimar Bach a prestar depoimento. Se isso ocorrer, um processo de cooperação internacional terá de ser acionado para que esse depoimento seja colhido na Suíça.
O COI, de seu lado, garante que “está cooperando” com as autoridades brasileiras. Mas, desde a eclosão da crise no Rio, insistiu que esse era um tema para ser resolvido entre os dirigentes irlandeses.
O que os investigadores querem saber, agora, é qual foi a participação de Bach e por qual motivo Hickey tinha a liberdade de simplesmente pedir mais ingressos.
Hickey, já indiciado, pode pegar de oito a dez anos de prisão no Brasil por venda ilegal de ingressos. O caso ainda será julgado. Mas o processo promete levar pelo menos 18 meses para que seja de fato iniciado.
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