O nadador americano Ryan Lochte pediu, em seus perfis nas redes sociais, nesta sexta-feira (19), desculpas por seu comportamento, mas não admitiu ter mentido sobre o falso assalto. O atleta afirmou ter sido vítima do crime no último domingo, mas investigação da polícia apontou que a história foi inventada.
No texto, Lochte reafirma que teve uma arma apontada para ele e diz que deveria ter sido mais responsável e que aprendeu “lições valiosas”, sem, no entanto, entrar em detalhes do ocorrido.
Não foi o suficiente para apagar a mancha que deixou em sua passagem pelo Brasil. O 12 vezes medalhista olímpico chegou ao Rio como um astro e saiu como persona non grata, ainda que tenha feito bonito nas piscinas durante os Jogos.
Se comportamento rendeu críticas inclusive em seu país de origem. A colunista do Washington Post Sally Jenkins o descreve assim: “Há uma categoria especial de americano insuportável que o ‘bro’ (equivalente a ‘mano’) Lochte representa, de camiseta, jeans e sapato de nobuk de marca, que mostrou nas redes sociais essa noite em uma festa junto com a etiqueta com o preço. ‘Temos 6k (6.000 dólares) aqui embaixo’, escreveu”.
Provavelmente nenhum americano despertou tanta antipatia generalizada desde que no ano passado um dentista de Minnesota chamado Walter Palmer matou o leão mais famoso do Zimbábue.
1-Às 2h da madrugada de sábado para domingo, os atletas Ryan Lochte, Jack Conger, Gunnar Bentz e Jimmy Feigen chegaram a uma festa na Casa da França, no centro histórico do Rio. Vídeo da câmera de segurança mostra os norte-americanos entrando direto no local -- não precisaram pegar fila na disputada balada, cuja entrada custava até R$ 600, segundo o El País.
2-Lá dentro, beberam e se divertiram até quase seis da manhã -- Lochte havia afirmado ter permanecido na casa somente até às 4h. Os atletas se envolveram com mulheres do local, aponta a investigação, um dos motivos apontados pelo chefe da Polícia Civil Fernando Veloso para o nadador ter escondido a história verdadeira -- Lochte namora desde março a modelo Kayla Rae.
3-Na saída, os atletas pediram um táxi. No caminho de 40 quilômetros até a Vila Olímpica, na Barra da Tijuca, pararam para ir ao banheiro de um posto de gasolina.
4-No posto, embriagados, os atletas quebraram uma placa, espelhos e até a porta. Imagens mostram parte da ação. Eles foram então abordados por dois seguranças que faziam bico no local.
5-Os nadadores tentaram entrar no táxi para continuar a viagem, mas o taxista se recusou. Os seguranças exigiram que os nadadores ficassem até que a polícia chegasse. Um deles mostrou uma arma e pediu que se sentassem. Lochte não obedeceu.
6-O DJ Fernando Deluz foi o responsável por intermediar a conversa entre os atletas e o segurança do posto. Segundo Deluz, os nadadores concordaram em pagar pelo prejuízo - US$ 20 e R$ 100 -, após pedirem para que a polícia não fosse chamada ao local.
7-Os nadadores foram liberados. Imagens mostram a entrada na Vila, com bastante tranquilidade.Lochte chega a brincar com os colegas, batendo com o crachá em um deles.
8-Na manhã seguinte, Lochte ligou para sua mãe e contou sua versão do que teria ocorrido. Na história, ele dizia ter sido assaltado por homens usando distintivos da polícia enquanto estavam no posto de gasolina. Em poucas horas, o mundo tomava conhecimento de seu relato inicial.