O processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff preocupa o Comitê Olímpico Internacional (COI) na reta final da organização da Olimpíada do Rio de Janeiro em 2016. Nesta quarta-feira (9), em reunião para atualizar o cronograma das obras dos Jogos em Lausanne, Suíça, o presidente do Cômite Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman, foi questionado pela cúpula do COI sobre o impacto da indefinição política e econômica pela qual passa o Brasil na organização da disputa.
“Precisamos ajustar tudo e isso é normal”, disse Nuzman. Sobre os questionamentos do COI em relação ao impacto do processo de impeachment, Nuzman desconversou. “Tentamos explicar a situação. O importante é que teremos grandes Jogos Olímpicos e estamos explicando o que estamos fazendo”, declarou o dirigente. “Nada vai afetar os atletas e a organização dos Jogos. Estamos trabalhando por sete anos”, insistiu. A reunião teve a participação do prefeito do Rio Eduardo Paes (PMDB), por videoconferência.
Nuzman garantiu ao COI que o dinheiro público vai ser disponibilizado. Mas o percurso final na preparação da Rio-2016 vai coincidir com um acirramento na definição do processo de impeachment . O temor dos dirigentes estrangeiros é de que o governo abandone os Jogos da lista de suas prioridades. Em termos econômicos, o medo é de que a situação do país impeça a entrada de recursos.
“Quando demos os Jogos ao Brasil em 2009, parte da motivação foi a situação de expansão econômica e o envolvimento direto do ex-presidente Lula”, contou um alto funcionário do COI à reportagem do jornal Estado de S. Paulo. “Hoje, o país está em recessão e o evento não está mais no radar das autoridades, que tentam sobreviver no cargo”, disse.
Os organizadores também terão de negociar um ajuste nas contas do evento. O Comitê Rio-2016 deixou claro que não aceitará ultrapassar a marca de R$ 7,4 bilhões - junto com o investimento do governo federal, a Olimpíada custará no total R$ 38,2 bilhões. Mas, quando recebeu todas as exigências e planos de cada uma das federações esportivas, parceiros comerciais e do COI, a constatação dos organizadores era de que a conta não fechava.
Readaquações
Agências de notícia como a Associated Press e a Bloomberg apontam que um corte de cerca de R$ 2 bilhões foi obrigado a ser implementado. Mas Mario de Andrada, diretor de Comunicações do Rio-2016, rejeita o valor citado. “A informação é incorreta. Simplesmente, incorreta. Existe um plano de economia. Mas não chega nem na metade deste valor”, apontou.
“Temos um compromisso de realizar os Jogos com recursos privados e portanto com um orçamento equilibrado. Estamos discutindo agora diferentes opções de economia”, explicou.
A cerimônia de abertura terá seu custo reduzido, assim como os investimentos nos eventos-teste serão controlados. Andrada ainda explica que em cada apartamento dos atletas na Vila Olímpica, um dos dois monitores de televisões previsto será retirado.
Também não haverá condição para que cada um dos membros do COI, com mais de cem pessoas, tenham um carro com motorista à sua disposição. “Os dirigentes terão de compartilhar os carros”, disse. Os restaurantes para os dirigentes também terão de ser compartilhados com os atletas e alguns dos privilégios serão reduzidos.
O Rio-2016 chegou a ensaiar uma recusa em pagar pelo ar-condicionado na Vila Olímpica, mas acabou desistindo. O que o COI quer saber é se estes cortes afetarão ou não as competições e as condições de preparação e alojamento dos atletas.
Andrada aponta que o controle de gastos é algo que está em linha com a estratégia do COI, chamada de Agenda 2020, de dar uma nova dimensão mais sustentável para os Jogos. Mas se teoricamente a redução de gastos é aplaudida, cada item retirado da planilha precisa ser negociado com o COI e federações esportivas.
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