Dois publicitários curitibanos estão à frente da criação da bandeira e do hino da primeira equipe de atletas refugiados dos Jogos Olímpicos. Artur Lipori, 32 anos, e Caro Rebello, 30, ambos residentes em Nova York, se juntaram em maio a outros oito profissionais de publicidade para criar os símbolos.
Rio-2016 é o recomeço para atletas da equipe olímpica de refugiados
O objetivo é não só dar identidade para o time de dez atletas na Rio-2016 - cinco corredores sul-sudaneses, dois nadadores sírios, dois judocas congolenses e um corredor etíope -, mas também chamar a atenção para a causa humanitária de 65 milhões de refugiados.
“A gente não quer que nossa ação termine na Olimpíada. Queremos que a partir da visibilidade dos Jogos as pessoas se engajem e ajudem os refugiados, seja com doações ou serviços voluntários”, explica Lipori.
O projeto, chamado de The Refugee Nation (Nação de Refugiados), tem o apoio da Anistia Internacional. Segundo Lipori, a ideia também foi bem aceita pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Mesmo assim, a entidade optou por não quebrar o protocolo na cerimônia de abertura da Rio-2016, quando a delegação de refugiados desfilou com a bandeira olímpica.
Criação
Para criar os símbolos, o grupo foi atrás dos próprios refugiados. Os escolhidos foram o músico Moutaz Arian, para o hino, e a artista plástica Yara Said, para a bandeira. Os dois tiveram de fugir da guerra civil da Síria.
Por causa do conflito em seu país, Moutaz não conseguiu concluir o curso de Música na Universidade de Damasco e hoje vive como músico de rua em Instambul, Turquia. “Ele foi escolhido porque disse que não queria fazer música apenas para árabes e curdos, mas para o mundo”, explica Lipori.
Arian optou por não incluir letra no hino. “Como a crise dos refugiados é global, ele preferiu mandar a mensagem pela própria canção”, aponta o publicitário.
A música começa de forma mais densa, numa referência ao sofrimento dos refugiados, e, no fim, ganha um tom mais vibrante, com a mensagem de esperança a quem é expulso de seu país.
Já a bandeira criada por Yara, que trabalha em uma ONG de refugiados em Amsterdam, Holanda, tem as mesmas cores dos coletes salva-vidas usados pelos refugiados para cruzar o Mar Mediterrâneo em direção à Europa. A bandeira é laranja com uma faixa preta horizontal. “A faixa é uma metáfora, já que quando as pessoas ficam envoltas pela bandeira parece o feixe do colete salva-vidas”, ressalta Lipori.
O projeto já produziu 2 mil bandeiras que estão sendo distribuídas na Rio-2016 e a quem as solicita nos canais do The Refugee Nation, que está à procura de parceiros para aumentar a produção. “A maioria dos pedidos são de refugiados. Mas é muito legal quando uma pessoa pede a bandeira para torcer pelos refugiados na Olimpíada”, destaca Lipori.
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