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O presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, e o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, em entrevista ontem na capital fluminense | Michael Kappeler/ Efe
O presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, e o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, em entrevista ontem na capital fluminense| Foto: Michael Kappeler/ Efe

Evento-teste é marcado por críticas

O Comitê Rio 2016 anunciou ontem o calendário preliminar de 45 eventos-teste oficiais dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio. As competições servem como uma forma de se avaliar as estruturas que serão utilizadas na competição.

A única disputa deste tipo prevista para este ano está em andamento na Baía de Guanabara. A Regata Internacional de Vela reúne 324 atletas de 34 países e tem sido marcada por críticas dos competidores.

A poluição da água é o grande problema do local. Diversos detritos estão espalhados pela Baía e alguns engatam nos barcos, atrapalhando o desempenho dos velejadores. O australiano Matthew Belcher, medalhista de ouro na classe 470 em Londres-2012, relatou ter se deparado até com um cachorro morto durante um treino de reconhecimento.

O brasileiro Ricardo Winicki, o Bimba, terminou a primeira regata que disputou com um saco plástico preso ao barco. "Precisei parar três vezes para tentar tirar. Não consegui e acabei levando o saco de presente", ironizou.

O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, afirma que 50% do esgoto passou a ser tratado na Baía e, até o início da Olimpíada, o índice deve chegar a 80%. O Comitê Organizador descarta mudar as disputas de vela de lugar. "Não há possibilidade de tirar o evento dali. Sabemos dos problemas que existem, mas as condições estão melhores e vão melhorar ainda mais", disse o diretor executivo de Esportes do COB, Agberto Guimarães.

"Não adianta dizer que a água está limpa. Está longe disso. Não precisa nem ter credencial para sentir o cheiro ruim", criticou Bimba.

‘Do Brasil’

O Comitê Olímpico Brasileiro passará a se chamar Comitê Olímpico do Brasil. A mudança de nome foi anunciada ontem pelo Superintendente Executivo do COB, Marcus Vinícius Freire. Segundo ele, a nova denominação agrada mais ao público nacional e também facilita a identificação do órgão em âmbito internacional. "Percebemos que a população gosta mais do termo ‘Brasil’. Outros comitês, como dos Estados Unidos e da França, também priorizam o nome do país", justificou. A identidade visual da logomarca da entidade já foi modificada e todas as outras alterações formais, como na Junta Comercial, serão finalizadas até o início da Olimpíada do Rio.

Faltam exatos dois anos para a abertura da Olimpíada do Rio, em 2016. São 731 dias para o Comitê Organizador afastar as desconfianças e possibilitar a realização de um megaevento bem-sucedido. O exemplo a ser seguido é o da Copa. O êxito do Mundial no país, encerrado há 23 dias, tornou-se um "amuleto". O discurso das autoridades públicas é direto: "Se a Copa saiu, os Jogos Olímpicos vão sair também".

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Até a cerimônia de abertura no Maracanã, porém, muita coisa precisa ser resolvida. Doze das 18 obras em instalações esportivas estão fora do prazo. Há ainda as diversas intervenções de mobilidade urbana que precisam ser finalizadas a tempo.

O custo final é uma incógnita. O orçamento atual é de R$ 37,6 bilhões, mais caro do que a Copa, em 12 sedes, que custou R$ 25,6 bilhões, segundo o Ministério do Esporte (ME). E vai subir mais, já que 29% dos projetos listados na Matriz de Responsabilidade Fiscal ainda não foram nem sequer licitados.

Apesar do panorama, o sucesso da Copa parece ter anestesiado os principais nomes ligados à organização olímpica. O evento futebolístico passou a ser uma "muleta" em que todos estão prontos a se apoiar. "Agora temos crédito de confiança. Enfrentamos muito mau humor e ceticismo antes da Copa, mas as coisas funcionaram. Temos absoluta convicção que tudo será entregue para os Jogos", declarou o secretário executivo do ME, Luis Fernandes.

"O ambiente ficou muito melhor depois da Copa. Deu certo lá e vai dar certo na Olimpíada", reforçou o presidente da Autoridade Pública Olímpica, general Fernando Azevedo.

O discurso mais mode­­­ra­­do veio do representante do Comitê Olímpico Inter­­na­­cio­­nal (COI). O suíço Gilbert Felli foi nomeado, em abril, como interventor da entidade com a missão de acompanhar de perto a evolução do Rio. "Na abertura de uma Co­­pa, você enche o estádio e traz 22 jogadores. Em uma Olimpíada, enche o estádio e traz 10 mil atletas. É só um exemplo de que a logística é diferente, muito mais difícil", alertou. "Não se pode dormir agora. A palavra ‘relaxar’ não deve existir em nosso vocabulário", emendou.

O prefeito da cidade, Eduardo Paes, não mostrou preocupação com eventuais cobranças do COI. "Já sofremos muita pressão, mas no final teremos uma cidade melhor. A Olimpíada do Rio será exemplar", afirmou, garantindo que até 5 de agosto de 2016 vai predominar a "tranquilidade vigilante".

Ingressos

Mais da metade dos ingressos para os Jogos do Rio custarão menos de US$ 30 (R$ 68) e os organizadores planejam colocar os primeiros lotes à venda no início de 2015. Haverá sete milhões de entradas para o público, das quais 3,8 milhões serão vendidas por valores inferiores a US$ 30. A meta é transformar o evento nos Jogos "mais acessíveis" em anos. Além dos preços populares, o COI (Comitê Olímpico Internacional) garante que vai respeitar a lei brasileira que exige a cobrança de meia-entrada para certos grupos. Em setembro, a entidade e o Comitê Rio/2016 vão revelar todos os detalhes dos preços de cada modalidade, da abertura, do encerramento, do torneio de futebol e de dias como o da final dos 100 metros no atletismo, um dos pontos mais esperados do evento.

O jornalista viajou a convite do Comitê Olímpico Brasileiro

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