Pouco conhecido até poucos meses atrás, Rogério Micale viu cair sobre seus ombros a responsabilidade de conduzir a seleção brasileira à inédita medalha de ouro. O treinador de 47 anos nasceu em Salvador, mas a carreira no futebol foi construída no Paraná. Quem trabalhou com ele em Londrina garante que Micale é o cara certo para acabar com as frustrações olímpicas e levar o país ao lugar mais alto do pódio.
Ele desembarcou no Norte do estado aos 17 anos, no fim da década de 80, para atuar pelos juniores do Tubarão como goleiro. Passou para o profissional e, além do LEC, defendeu Apucarana e Operário. Nessa época, Rogério se transformou em “Aranha”. O apelido sugeria um camisa 1 de alto nível, mas ele não engrenou debaixo das traves.
“Ele mesmo fala que era um goleiro meia-boca”, brinca Ariobaldo Frisselli, o Dedé, coordenador geral do Junior Team, onde Micale depois trabalhou como técnico. “Ele era maluco, mas confiante. Um líder quando jogava também”, conta Amarildo Vieira Martins, que presidiu a Portuguesa Londrinense por 17 anos e presenciou várias atuações do Aranha.
Escolinha
A carreira dentro de campo acabou cedo, aos 23 anos. Mas Micale estava decidido a seguir na área. Começou a estudar Educação Física e montou um campo de grama sintética no centro de Londrina, o “Spider Ball”, existente até hoje. Lá montou uma escolinha e deu os primeiros passos como treinador.
Em 1999, veio o convite para trabalhar na base da Portuguesa Londrinense. “Eu via ele com as crianças, acompanhei a evolução, era um cara de nível. Por isso trouxe ele para o clube”, diz o ex-presidente da Lusinha.
Ele ficou cerca de dois anos na equipe. Ainda voltaria em 2004. No interior do Paraná também passou pela Adap – em Jacarezinho e Campo Mourão -, além de Junior Team e Londrina. Sempre na base.
Atlético ‘leva’ Micale ao Figueirense
Micale deixou o estado em 2004 para trabalhar no Figueirense, onde ganhou projeção ao conquistar a Copa São Paulo de 2008. Mas a ida para o time catarinense só foi concretizada graças a outro paranaense e um convite do Atlético.
Leandro Niehues, ex-técnico do Rubro-Negro, era o escolhido do Figueira. As duas partes chegaram a fechar o acordo verbalmente, mas no dia seguinte o técnico foi chamado pelo Furacão e preferiu o time da Baixada. Sem técnico para a base, a equipe de Florianópolis pediu uma indicação para Niehues.
“Na época em que tudo isso aconteceu eu trabalhava no PSTC e o Micale na Portuguesa. A gente era sempre adversário. Conhecia o trabalho e indiquei, passei o contato dele. Aí eles se acertaram”, relembra.
Confiança no ouro
Do Figueirense, Micale foi para o Atlético-MG. O trabalho de qualidade no time mineiro ao longo de sete anos o credenciou para a seleção sub-20 e sub-23. O time olímpico “caiu em seu colo” após a demissão de Dunga, em junho.
O comandante da equipe nacional é considerado exigente, organizado e extremamente estudioso. Os colegas são unânimes em apontar que a chance do jejum do futebol brasileiro em Olimpíada acabar é grande.
“Basta bater um papo com ele, que você vai ver que ele é diferente. Vai dar liga. Vamos ganhar essa Olimpíada”, crava Amarildo Martins. “Os treinos são ótimos e o Rogério e tem uma leitura de jogo muito boa. Então pode mudar uma partida. O Dunga ia fazer ‘cagada’. Estou esperançoso que ele traga o ouro”, opina Dedé sem meias palavras.
“Veio para ele a chance de um titulo inédito e em casa. Ele está no centro das atenções e tudo se desenhou para ele ser o campeão. Acredito que vai acontecer”, confia Leandro Niehues.
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