O baiano Isaquias Queiroz entrou para um seleto hall do esporte brasileiro nesta quinta-feira (18).
Ao conquistar o bronze na prova C-1 200 m da Rio-2016, o canoísta de 22 anos igualou os nadadores Gustavo Borges e Cesar Cielo e os atiradores Guilherme Paraense e Afrânio da Costa como recordista de medalhas do país em uma mesma edição dos Jogos, com dois exemplares.
Vice-campeão olímpico na categoria C-1 1.000 m na última terça-feira (16), o baiano terminou a disputa desta quinta (18) com o tempo de 39s628. O vencedor foi Iurii Cheban, da Ucrânia (39s279), que faturou o bicampeonato olímpico. A prata ficou com Valentin Demyanenko, do Azerbaijão (39s493). Com o resultado, o brasileiro repetiu a colocação do Mundial de Milão, no ano passado. A disputa foi equilibrada, com uma demora de quase um minuto para o resultado surgir no telão – fato que deixou em suspense o pódio do nordestino.
Borges foi prata e bronze em Atlanta-1996, enquanto Cielo trouxe um ouro e um bronze de Pequim-2008. Em 1920, na Antuérpia, Paraense conseguiu ouro (o primeira história do país) e Costa uma prata. Ambos também retornaram da Bélgica com um bronze por equipes.
O fenômeno da canoagem, entretanto, ainda pode tomar a liderança das lendas da natação e do tiro. Na prova C2-1.000m, na qual compete ao lado do paulista Erlon Silva, Isaquias terá a oportunidade de alcançar seu terceiro pódio.
A fase eliminatória será disputada na manhã desta sexta-feira (19), com final marcada para sábado (20), às 9h22, na Lagoa Rodrigo de Freitas.
Trajetória
Formado em um projeto social de sua cidade, Ubaitaba, no interior da Bahia, o canoísta tem a vida marcada por momentos de superação. Aos três anos, precisou ficar um mês internado após sofrer queimaduras graves em casa – o garoto brincava perto do fogão quando uma chaleira de água quente cai sobre ele. Com dez anos, outro drama: caiu de uma árvore, sofreu hemorragia interna e perdeu um rim.
‘Sem rim’, como ficou conhecido, foi descoberto pelo técnico Figueiroa Conceição – que atualmente treina as categorias júnior, sub-23 e sênior feminino da seleção de canoagem, em Curitiba. Seu grande salto nos resultados, contudo, aconteceu após a contratação do técnico espanhol Jesus Morlán, em 2013.
O treinador, que é o maior medalhista de todas as modalidades de seu país, com cinco pódios comandando o compatriota David Cal, revolucionou o esporte no Brasil. Implantou o núcleo de desenvolvimento em Lagoa Santa-MG e começou a colher resultados expressivos.
Sob a orientação de ‘Suso’ Morlán, Isaquias acumula seis pódios em Mundiais e dois ouros e uma prata no Pan-Americano de Toronto-2015.
Primeira medalha
O primeiro pódio olímpico da canoagem brasileira aconteceu na última terça, na prova C-1 1.000 m. Isaquias confirmou a expectativa criada em 2015, quando voltou do Mundial de Milão com duas medalhas, e terminou a prova na segunda colocação, com o tempo de 3min58s529.
O ouro ficou com o alemão Sebastian Brendel, campeão olímpico em 2012, enquanto o bronze ficou Serghei Tarnovich, da Moldálvia