A nadadora Joanna Maranhão, 29, registrou boletim de ocorrência na manhã desta sexta-feira (12) para que a Polícia Civil investigue os autores de ofensas recebidas por ela nesta semana.
O advogado da atleta, Fabiano Machado Rosa, levou cópias de 250 comentários ofensivos feitos à nadadora desde segunda (8).
A pernambucana relatou que, após sua eliminação na Olimpíada, pessoas chegaram a publicar no Facebook pedidos para que ela fosse estuprada.
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Leia a matéria completaTambém houve insinuações de que atleta mentiu a respeito da tentativa de estupro pela qual sofreu na infância. Maranhão atribuiu os insultos a seus posicionamentos políticos.
“Quando os questionamentos ficam dentro do debate democrático, eu acho que todo mundo cresce. Mas quando parte para a agressão, a gente tem que acionar a Justiça, e é isso que eu vim fazer”, afirmou a atleta em sua chegada à Delegacia de Repressão a Crimes de Informática, na zona norte do Rio.
“Tem pessoas que recebem ofensas na internet e resolvem não se posicionar sobre esse tipo de agressão, e quem sou para julgar. Mas me sinto forte o suficiente e tive apoio de muita gente”, disse.
A delegada Daniela Terra, que abriu inquérito, já identificou dez autores de ofensas contra a nadadora.
Joanna Maranhão já tinha se manifestado sobre as ofensas que recebeu na última terça-feira (9). Ela chegou a chorar e declarou que o Brasil é “homofóbico, machista, racista e xenófobo”.
Passado
Após o desabafo, usuários do Twitter recuperaram postagens antigas da atleta para acusá-la de homofobia.
Um dos comentários feitos por Joanna, em 2011, diz que a ex-participante do Big Brother, a transgênero Ariadna, precisaria morrer e nascer de novo para se passar por mulher. “Pronto, Ariadna. Pega os seus 2 mil e paga seu funeral. Porque para você se passar por mulher, só morrendo e nascendo de novo”, diz a mensagem.
Para a atleta, a recuperação desta mensagem foi um ato mais covarde do que os pedidos de estupro e os questionamentos sobre o estupro em sua infância.
“Foi covarde pegar um publicação de 5 anos atrás, tirar do contexto e tentar descaracterizar as pautas progressistas que defendo e vou continuar a defender. Meu erro foi fazer uma brincadeira”, disse.
“Acho que toda a comunidade LGBT merece respeito. Minha brincadeira foi pesada demais e peço desculpas por isso. Mas tentar descaracterizar e me colocar como pessoa homofóbica não faz o menor sentido”, acrescentou.
A pernambucana competiu nas provas de 200 m borboleta, 400 m medley e 200 m medley, sem ir a qualquer final. Ela afirmou que as ofensas não servem de desculpa para o mau desempenho na Olimpíada.
A delegada Daniela Terra disse que vai pedir quebra de sigilo de dados dos envolvidos nas ofensas. Os suspeitos serão chamados para prestar depoimento e podem ser indiciados por crimes de injúria, difamação e ameaça.
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