Em um de seus primeiros treinos na maratona aquática, Poliana Okimoto saiu da água chorando e passou uma noite em claro. O medo do mar – dos animais principalmente – quase a fizeram desistir de investir na modalidade. Pouco mais de dez anos depois, a insistência do técnico e marido Ricardo Cintra se mostrou certeira. Nesta segunda-feira (15), a nadadora conquistou o bronze na prova dos 10 km da Rio-2016 e tornou-se a primeira mulher brasileira a subir ao pódio nos esportes aquáticos em uma Olimpíada.
“Eu construí essa conquista em cada dia, em cada treino meu. Essa medalha é um sonho muito antigo. Sonho que muitas vezes ficou perdido, mas que voltou com tudo e agora está concretizado”, disse a atleta.
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Leia a matéria completaO sonho, por pouco, não escapou. Poliana nadou sempre no pelotão da frente na disputa, revezando-se principalmente nos segundo e terceiro lugares. No entanto, perdeu uma posição nas braçadas finais e terminou em quarto. A medalha só foi garantida depois da desclassificação da francesa Aurelie Muller, que havia ficado com o bronze. Ela foi punida por obstruir a chegada da segunda colocada, a italiana Rachele Bruni.
“Quando eu fiquei em quarto, saí satisfeita porque eu dei o meu máximo hoje e sabia que não tinha o que fazer. Não tinha condições de dar nada mais. Fiz a melhor prova da minha vida. Mas quando veio o terceiro lugar foi emocionante. Não consegui segurar as lágrimas. Esse quarto lugar que virou terceiro foi sensacional”, celebrou Poliana que completou os 10 km em 1h56min51s.
Poliana é uma precursora da modalidade no país. Ela deixou as piscinas, onde costumava disputar os 800m livre, e foi a primeira competidora brasileira a se destacar em provas internacionais na maratona, a partir de 2006. Acumula na carreira quatro medalhas em Mundiais e duas em Pan-Americanos.
A medalha olímpica apaga a frustração da Olimpíada de Londres, em 2012. Lá, ela foi obrigada a desistir da prova. Ao longo da corrida, sofreu com a temperatura da água e teve hipotermia. A paulista ainda chegou a desmaiar e foi encaminhada para um centro médico.
No Rio, o cenário estava ideal para ela. Água por volta dos 21oC e mar não muito agitado.
“Deus é brasileiro. Foram as melhores condições possíveis para mim”, brincou a medalhista. “Nesse ano eu cheguei a treinar 100 km semanais por causa dessa Olimpíada e foi muito difícil. Tenho 33 anos. Não é igual quando fazia essas ‘loucuras’ com 20. Eu merecia a medalha porque lutei muito para estar aqui”, exaltou.
Favorita, Ana Marcela chora com décimo lugar
A brasileira mais cotada para o pódio na maratona aquática era Ana Marcela Cunha. Tricampeã da Copa do Mundo, ela vinha de oito pódios nas últimas nove provas internacionais disputadas. Na prova olímpica desta segunda, amargou apenas o décimo lugar.
Faltou energia para a baiana de 24 anos. Durante a prova, as competidoras passam por três postos onde podem se alimentar e hidratar. No primeiro ponto, outra atleta derrubou sem querer o kit de Ana Marcela e ela não conseguiu comer. Nos locais seguintes, ela não quis parar para não deixar as rivais se distanciarem.
“Tinha três alimentações para fazer, mas só fiz a primeira. Isso conta muito. Era uma das favoritas e tenho certeza de que dei meu máximo, mas não foi digno de uma campeã da Copa do Mundo. Estou triste”, declarou Ana que chorou muito depois do resultado ruim.
Nesta terça-feira (16), será disputada a maratona masculina. O representante brasileiro é Allan do Carmo.
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