Ao lado de Alison, curitibano Emanuel conquistou a prata, a terceira medalha olímpica da carreira| Foto: Marcelo Del Pozzo/ Reuters

Alison quer Emanuel no Rio-2016

Quase devoção. O capixaba Alison, 26 anos, lamentou não ter conseguido dar ao companheiro de time o tão sonhado ouro e, com a medalha de prata no peito, mostrou, com declarações de amizade, que um dos pontos fortes da dupla formada há três anos é a união. "Não é só meu parceiro. É meu irmão", resumiu.

Leia matéria completa.

CARREGANDO :)

As palavras exatas não vieram – assim como o tão desejado segundo ouro olímpico na carreira. Assim, é com a prata em Londres que Emanuel dá o adeus aos Jogos Olímpicos.

O curitibano combateu a cada ponto na eletrizante luta pelo ouro, porém ele e seu companheiro Alison não conseguiram vencer os alemães Julius Brink e Jonas Reckermann na final de Londres. Com a derrota por 2 sets a 1 (21/23, 21/16 e 14/16), o veterano, aos 39 anos, despediu-se das quadras de areia olímpicas.

Publicidade

Desde que o vôlei de praia estreou no evento, em 1996, o paranaense esteve lá. Com a prata de ontem, contabiliza três medalhas – tem também o ouro em Atenas-2004 e o bronze em Pequim-2008.

Com o desgosto de ver o topo do pódio ocupado por outra dupla que não a sua, "Mano" – como é chamado pelos amigos – admitiu que o corpo já não aguenta mais quatro anos de preparação para uma sexta Olimpíada, em 2016.

"Sou um atleta que gosta muito de Olimpíada. Mas não sei se vou ter saúde. Os Jogos chamam um momento tão diferente na vida do atleta que ele tem se preparar e eu talvez não seja mais capaz de suportar esses quatro anos nesse pique", disse Emanuel, às lagrimas.

Ele lembrou que sua vontade de competir nos Jogos Olímpicos começou justamente com uma medalha de prata, a do time brasileiro de vôlei de quadra, nos Jogos de Los Angeles-1984. "Foi aquilo que me motivou. E quanto falo de [jogar em] 2016, até gostaria, mas o esporte tem tempo", disse.

Daqui a quatro anos, o "rei da praia", como é chamado no meio esportivo, estará com 43 anos.

Publicidade

No pódio, a cara fechada de Alison, em sua primeira Olimpíada, contrastava com um Emanuel tentando mostrar orgulho pelo 2.º lugar. "Sempre almejamos o ouro, e da forma que jogamos, fizemos por merecer. Somos um time vencedor e nunca desistimos. A única coisa que podia ter sido diferente foi o primeiro set", avaliou o paranaense, referindo-se a dois erros seus de ataque que permitiram a Brink e Reckermann passar à frente no placar.

Os brasileiros, que em nove confrontos anteriores com os alemães haviam vencido seis, retornaram mais eficientes no segundo set, levando a decisão para o tie break. Brink e Reckermann seguiram irrepreensíveis nas defesas e abriram 14 a 11. Os brasileiros fizeram o mais difícil e chegaram a empatar, mas com um contra-ataque para fora de Emanuel, o jogo terminou em 16 a 14, com o primeiro ouro no vôlei de praia para a Alemanha.

"Foi um jogão. Fomos guerreiros e isso ninguém pode contestar. [O resultado] mostra a evolução do vôlei de praia pelo mundo. A Letônia, um lugar frio, levou a medalha de bronze [com a dupla Plavins e Smedins, que venceram os poloneses Nummerdor e Schuil]. A Itália está vindo muito forte, a Alemanha construiu 100 quadras de areia, está investindo no esporte", disse Alison.

Sobre a iminente aposentadoria de Emanuel, o capixaba fez um último apelo: "Quero aproveitar cada dia ao lado dele. Ele não é mais o meu parceiro, ele é um grande irmão. Vou com ele até 2016 se ele quiser e ele sabe muito bem disso", disse o jovem atleta de 26 anos.