| Foto: YASUYOSHI CHIBA/AFP

Principal adversário do jamaicano Usain Bolt nos 100m rasos, o americano Justin Gatlin, de 34 anos, disse não estar preocupado com o vírus da zika ou outros potenciais problemas que podem afetar os Jogos do Rio, em agosto.

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“O fato de eu e outros atletas estrangeiros estarmos aqui mostra que o Brasil é seguro e um ótimo lugar para vir”, disse Gatlin na manhã deste domingo (5), após vencer o desafio “Mano a Mano”, um evento com provas de 100 m rasos realizado na Quinta da Boa Vista, na zona norte do Rio.

Com quatro medalhas olímpicas no currículo - ouro nos 100 m (Atenas-04), prata no 400x100 m (Atenas-04), bronze nos 200 m (Atenas-04) e bronze nos 100 m (Londres-12) -, Gatlin diz que nada pode lhe tirar o foco de disputar mais uma Olimpíada.

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“Este é um sonho olímpico, que só acontece a cada quatro anos. O atleta nunca sabe se terá outra oportunidade. Por isso, é preciso viver esse sonho da forma mais longeva possível.”

 

O norte-americano venceu a corrida deste domingo (5), disputada sob chuva forte, com o tempo de 10s19 - sua melhor marca no ano é de 9s93. Ele disse ter ficado satisfeito com a marca e falou sobre o desafio de competir com o multicampeão Usain Bolt – que não participou do evento carioca.

“Temos um grande respeito um pelo outro. Quero que os fãs possam ver a prova mais rápida e empolgante da história, com uma marca próxima dos nove segundos”, afirmou. Tanto Gatlin quanto Bolt ainda precisam confirmar oficialmente sua presença na Rio-2016.

Questionado sobre como derrotar o jamaicano, que é cinco anos mais jovem, Gatlin respondeu que deve se preocupar somente com seu próprio desempenho. Aos 34 anos, afirma ter evoluído muito em nível mental, comparado a quando ganhou o ouro nos 100 m rasos em Atenas, aos 22 anos.

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“Nos Jogos Olímpicos, muitas coisas podem te distrair, como o glamour do evento, a empolgação em torno dos Jogos, especialmente em um lugar como o Brasil. A sabedoria ajuda a manter-se focado.”

Homenagem a Muhammad Ali

O corredor também homenageou o compatriota Muhammad Ali, que morreu na noite de sexta (3), nos EUA.

“É uma lenda. Não só pelo que representou como esportista, mas também como homem”, disse Gatlin. “Enquanto um jovem negro, ver tudo o que ele passou ao longo da vida e os altos e baixos que teve em sua carreira definitivamente me inspiraram e me dão esperança para ser mais forte e seguir em frente.”

No “Mano a Mano”, Gatlin venceu os 100 m de ponta a ponta, sendo seguido por Richard Thompson, de Trinidad e Tobago, que fez o tempo de 10s29. Dois brasileiros, Vitor Hugo dos Santos (10s42) e José Carlos Gomes Moreira, o Codó (10s60), completaram a final.

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A prova teve a peculiaridade de ser realizada em uma pista montada sobre as águas do lago da Quinta da Boa Vista, parque tradicional de São Cristóvão, na zona norte do Rio.

“A pista estava muito boa, mesmo com a chuva. O evento foi incrível. Fiquei impressionado com o público, mesmo com este tempo”, disse Gatlin. “Nunca tinha corrido sobre a água, então agora quero ver quem já correu e se existe algum tipo de recorde nessa situação”, disse, brincando.

Repelente

Além de Gatlin, o evento carioca teve a participação de outra medalhista olímpica, a americana Carmelita Jeter, 36, - ganhadora de um ouro (4x100 m), uma prata (100 m rasos) e um bronze (100 m) em Londres-12.

Ela brincou ao comentar a preocupação com o vírus da zika: “Tenho usado repelente como se fosse loção”, disse.

No “Mano a Mano”, Jeter ficou em segundo lugar, com um tempo de 11s36. A vencedora foi a brasileira Rosângela dos Santos, 25, com 11s23.

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Em maio, Rosângela havia feito o melhor tempo de sua carreira, nos EUA: 11s04. Ela garantiu que as atletas correram em alta intensidade e manifestou confiança em reduzir a marca até os Jogos.

“Preciso fazer em torno de 10s90. Vou ter que trabalhar muito. Dá uma certa ansiedade, mas, até agosto, tenho bastante tempo. Disputar com atletas do nível da Carmelita me ajuda a crescer e querer buscar mais”, disse.

Final paraolímpica

Na final paraolímpica, o favorito Richard Browne, 24, também dos EUA, sofreu um estiramento no músculo posterior da coxa esquerda durante a prova e caiu na pista.

Terceiro colocado, o brasileiro Alan Fonteles, 23, que derrotou Oscar Pistorius em Londres-12 e conquistou o ouro na categoria T44 dos 200 m rasos, disse que o acidente atrapalhou seu desempenho. Alan fez a prova em 12s04.

“Esperava um tempo melhor, queria ganhar. Não quero culpá-lo, mas a queda acabou com minha corrida. Estava na fase de aceleração e a pista estava molhada. Desviei um pouquinho para não pisar nele e não cair, também. Nos treinos, tenho feito um tempo bem melhor.”

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O vencedor foi o sul-africano Arnu Fourie, 31, com o tempo de 11s18. Ele também se mostrou tranquilo quanto ao zika. “É claro que precisamos nos cuidar e tomar as precauções possíveis. Mas em todos os países, a cada quatro anos, há alguma questão. Não estou muito preocupado com o vírus em si.”