Michael Phelps: perfil rebelde para perfil família.| Foto: MARTIN BUREAU/AFP

Michael Phelps não precisava estar na Olimpíada do Rio. Ele deixou os Jogos de Londres, em 2012, como o maior atleta olímpico da história (no Rio de Janeiro chegou a um currículo incrível de 28 medalhas, sendo 23 de ouros). Mas em meio à aposentadoria anunciada após os Jogos na Grã-Bretanha, o nadador apenas reforçou o status de ‘garoto problema’ e foi parar em uma clínica de reabilitação. Na capital carioca, quer provar que mudou de rumo. Virou questão de honra.

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Quatro anos depois, o norte-americano quebrou dois recordes. Foi o primeiro nadador em 120 anos de história a recuperar um título e se tornou o atleta mais velho (31 anos) a conquistar um ouro na natação em prova individual. Até agora – antes do revezamento 4x100 m – ele havia colocado no peito mais quatro ouros e uma prata.

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O imenso sucesso do norte-americano dentro de água por vezes conviveu lado a lado com polêmicas na vida pessoal.

Em 2004, ano em que conquistou suas primeiras medalhas de ouro nos Jogos de Atenas, foi condenado por dirigir embriagado e ficou em liberdade condicional por 18 meses. Em 2009, uma foto dele fumando maconha em uma festa se espalhou, o que lhe rendeu uma suspensão de três meses da confederação norte-americana de natação.

Depois da Olimpíada de Londres, quando decidiu largar as competições, o perfil desregrado perigosamente ganhou força. A bebida tornou-se um vício. Em setembro de 2014, foi flagrado dirigindo embriagado mais uma vez. Além disso, estava acima da velocidade. Foi preso e depois condenado a mais um ano em liberdade condicional.

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Phelps percebeu que estava no fundo poço e acabou tomado pela depressão. Chegou a declarar que “não queria mais estar vivo”. No período de 45 dias em uma clínica de reabilitação, o nadador começou a ressurgir. E o ‘Tubarão de Baltimore’, como é chamado, buscou refúgio nas piscinas. Decidiu retomar a carreira. Prometeu não ingerir uma gota de álcool até a Olimpíada.

E logo ele mostrou que não havia perdido o jeito nas braçadas. Passou a vencer provas em campeonatos nacionais, voltou a cravar os melhores tempos do mundo e se garantiu em três provas individuais no Rio.

“Eu serei sempre grato a todos que me ajudaram nesse tempo em que precisei muito. Passei por uma jornada, mas esses últimos dois anos [depois da reabilitação] foram os melhores da minha vida”, comemora Phelps.

A vida pessoal também entrou nos eixos. Conheceu Nicole Johnson, ex-miss Califónia. Os dois noivaram e no último mês de maio nasceu Boomer, o primeiro filho do casal. O perfil família tomou conta de vez do multicampeão.

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“Minhas emoções serão dez vezes mais fortes do que em qualquer outra Olimpíada. A Nicole me manda fotos do nosso filho todos os dias. Ele vai estar me vendo nos Jogos e isso é algo que estou ansioso para compartilhar com ele no futuro”, diz o papai Phelps.

Um de seus grandes rivais, o também norte-americano Ryan Lochte, acredita que a Rio-2016 não será o capítulo final da carreira do maior campeão olímpico. Em Tóquio-2020, ele estará com 35 anos, idade considerada avançada na natação, mas Phelps já provou que é especialista em superar barreiras.

“Eu estou me divertindo novamente. Estou em um momento em que, qualquer coisa que vier, eu serei capaz de virar a página e dizer que eu terminei do modo que eu queria. Isso é o que importa para mim”.

Orgulhoso, Phelps posta foto ao lado do filho Boomer em rede social.