Se Yane Marques for ao pódio na Rio-2016 nesta sexta-feira (19), a conquista terá uma pitada curitibana. Foi no Colégio Militar de Curitiba que a atleta pernambucana, que pode conquistar a segunda medalha olímpica no pentatlo moderno - modalidade que reúne provas de esgrima, natação, equitação, corrida e tiro - fez a maior parte da sua preparação para a disputa. Em Londres-2012, ela foi a surpresa da delegação brasileira ao conquistar o bronze no último dia de disputa.
Yane, que é sargento do Exército dentro do Programa de Atletas de Alto Rendimento (PAAR) das Forças Armadas, treinou três anos na capital paranaense em períodos diferentes. Saiu da cidade a caminho do Rio só no último domingo (13), após uma rápida passagem pela capital fluminense há duas semanas para ser a porta-bandeira do Brasil na cerimônia de abertura da Olimpíada.
A escolha por treinar a maior parte do ciclo olímpico em Curitiba foi pela facilidade de mobilidade e a estrutura do Colégio Militar. Se treinasse no Rio, explica Yane, perderia muito tempo com o trânsito.
Já na capital paranaense, além de o tráfego e as distâncias serem menores, a atleta teve a comodidade de treinar quatro das cinco provas no mesmo endereço. Só natação teve de treinar no Clube Santa Mônica porque a piscina do Colégio Militar não é coberta.
“Desde o primeiro dia em que pisei no Colégio Militar decidi que íamos fazer toda a preparação para a Olimpíada aqui”, afirmou Yane antes de embarcar para a disputa da Rio-2016. “Como as instalações são muito próximas, a gente treina bem e ganha tempo de deslocamento e, consequentemente, de descanso”, ressalta.
A medalhista de bronze afirma que a cidade em si também pesou na decisão. “Eu me sinto muito bem em Curitiba. Me adaptei bem, o povo é muito simpático. Só não me adaptei ao tempo, porque faz frio e calor no mesmo dia”, brinca a atleta.
Além de Yane, atletas do pentatlo de oito países treinaram no Colégio Militar de Curitiba para a Rio-2016 . Até a semana passada, estavam no Tarumã atletas da Alemanha, Argentina, Canadá, Cazaquistão, EUA, França, Guatemala e Itália. “A elite do pentatlo estava aqui e todos gostaram das nossas instalações”, afirma o coronel Rômulo Marins Soares, relações institucionais da 5ª Divisão do Exército.
Influência
A passagem de Yane pelo colégio também deixou boas lembranças. Além da admiração dos alunos, que comentavam a presença de uma medalhista olímpica nas instalações, com quem costumavam fazer selfies, o fato de a pernambucana estar no Tarumã estimulou alguns alunos a ir treinar o pentatlo, afirma o coronel Soares.
Um mês antes da Olimpíada, as equipes masculina e feminina da escola foram campeãs brasileiras no pentatlo dos jogos entre colégios militares. Além disso, a curitibana Isabela Abreu, 21 anos, ex-aluna e atual terceira colocada do ranking nacional do pentatlo, deu os primeiros passos na modalidade no Colégio Militar, onde chegou a treinar com Yane após já se concluir o ensino médio.
“A Yane é muito humilde, sempre ajuda nos treinos a gente que está começando a diminuir os erros”, afirma Isabela, que iniciou no esporte um pouco antes de a pernambucana conquistar o bronze em Londres. “Com aquela conquista dela, a gente viu que nada é impossível”, afirma a curitibana, que mira a classificação para a Olimpíada de Tóquio-2020. Quem sabe ao lado de Yane.