| Foto: YASUYOSHI CHIBA/AFP

O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) se mostra otimista para o novo ciclo até os Jogos de Tóquio, em 2020. Apesar de não ter cumprido a meta de ficar entre os cinco mais bem colocados pelo número de ouros no quadro de medalhas, a entidade se diz satisfeita com o desempenho dos atletas.

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“Podemos considerar a melhor participação nossa nos Jogos Paralímpicos, apesar de não termos conseguido a meta. Era uma meta, não promessa. O CPB está extremamente satisfeito com a campanha feita aqui. A gente tinha meta de ter mais medalhas no total, mais modalidades vencendo e mais atletas ganhando medalhas. E conseguimos”, afirmou Andrew Parsons, presidente do CPB.

O Brasil terminou a competição com a oitava posição geral, com 72 pódios, sendo 14 medalhas de ouro, 29 de prata e 29 de bronze. Pela ordem, ficou atrás de China, Grã-Bretanha, Ucrânia, Estados Unidos, Austrália, Alemanha e Holanda. Como comparação, a Austrália, quinta colocada, obteve 22 ouros. “Houve uma concentração muito grande de medalhas entre os quatro mais bem colocados. A própria Austrália teve o mesmo quinto lugar de Londres, mas com 22 medalhas de ouro, contra 32 da edição anterior. Isso mostra uma flutuação”, explicou.

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Como a Rússia foi punida e não pôde participar dos Jogos Paralímpicos do Rio, imaginava-se que sem este país, que é uma potência esportiva, a meta do Brasil ficaria mais fácil de ser alcançada – a Rússia ficou em segundo lugar no quadro de medalhas dos Jogos de Londres, com 36 ouros. “O Brasil não herdou nenhuma medalha da Rússia, diferentemente dos nossos adversários. Talvez a gente tenha mais surpreendido com a ausência dela do que se beneficiado”, disse Parsons.

A presença de atletas desconhecidos dentro do meio paralímpico, que acabaram ganhando muitas medalhas principalmente nas piscinas, causou incômodo e foi apontada como uma das razões para a meta de ouros do CPB não ter sido atingida.

“O surgimento de novos atletas é ótimo. O que gerou um desconforto geral, principalmente na natação, foi a questão dos atletas não aparecerem durante o ciclo paralímpico, principalmente em dois países (China e Ucrânia). Isso faz com que qualquer meta que você trace (não se confirme). Obviamente esses atletas não apareceram depois do último Mundial. É algo que deve ser debatido dentro do IPC (Comitê Paralímpico Internacional). Não pode ser visto como positivo. Se seus melhores atletas são desconhecidos dentro do próprio movimento paralímpico, como vai incentivar no seu país? Não é uma postura que me agrada”, ponderou Parsons.

Ele não quis comentar a chance de haver manipulação na classificação funcional dos atletas. “Acho prematuro falar em manipulação de classificação, mas é claro que a ausência desses atletas dentro do ciclo gera desconforto e desconfiança. Antes dos Jogos, fomos inundados de denúncias sobre isso.”

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Olhando por um ângulo positivo, ele festeja o fato de que quatro modalidades brasileiras, como canoagem, ciclismo, levantamento de peso e vôlei sentado, subiram ao pódio pela primeira vez, e outras também tiveram resultados expressivos, como tênis de mesa, hipismo e até o tiro com arco, com um quarto lugar. “Em 2012, 23% da delegação conquistou medalhas, agora 39% chegou ao pódio, sendo que desta vez tivemos 106 atletas a mais do que a delegação de Londres.”

Agora, Parsons já projeta um próximo ciclo paralímpico com mais dinheiro para investir no esporte. “Tivemos uma média de R$ 70 milhões por ano neste último ciclo. A gente espera ter algo entre 180 milhões por ano, com o novo porcentual da lei Agnelo/Piva e renovação de patrocínios. Fomos eficientes para garantir esse aumento”, concluiu o dirigente, na expectativa por mais medalhas em Tóquio, em 2020.