Cinco anos antes de ser coroado campeão olímpico de boxe, nesta terça-feira (16), no Rio de Janeiro, o baiano Robson Conceiçã o enfrentou um dos maiores trauma da carreira. O peso-leve (até 60 kg) derrotou no ringue o então campeão olímpico Vasyl Lomachenko, da Ucrânia, por 20 a 19, nas oitavas de final do Mundial do Azerbaijão, em outubro de 2011. Mas teve pouco tempo para comemorar.
O resultado do combate mudou no meio da madrugada. A Aiba (Associação Internacional de Boxe Amador) acatou um protesto da federação ucraniana e reverteu o resultado. O principal motivo alegado foi um golpe baixo, que segundo o brasileiro não aconteceu.
“Tinha sido o momento mais feliz da minha carreira e acabou sendo o mais triste. Havia ganhado do melhor lutador peso por peso, campeão olímpico, uma estrela da Aiba. Sai vitorioso, mas de madrugada resolveram levar a luta para debaixo do tapete. Recebi de manhã a notícia que mudaram o resultado”, explicou o pugilista baiano, com a medalha dourada olímpica no pescoço.
Lomachenko avançou no lugar de Conceição, que sentiu demais o acontecido. Mesmo assim, conseguiu classificação para Londres-2012, onde sofreu outro golpe ao ser eliminado logo na primeira luta. Os tropeços, no entanto, só fortaleceram o baiano que chegou mais focado e preparado do que nunca para a Rio-2016.
“Imagina ter de acordar o cara e dizer que reverteram a luta?”, lembra o técnico Matheus Alves, responsável por dar a notícia da derrota no tapetão em 2011.
“Mas ele falou que seria medalhista, campeão olímpico um dia. Nos últimos anos viajamos quatro vezes para o Cazaquistão, duas vezes para o Uzbequistão. Pegamos de -25ºC até 52º. Não é do dia para a noite [que o Robson virou campeão]. Esse cara merece tudo”.