O corpo curvado para frente na cadeira e as mãos próximas ao rosto deixam claro o nervosismo de Maria Bednarczuk. Ela é a mãe da paranaense Ágatha e está acompanhando de perto os passos da filha nos Jogos do Rio. Ao lado de Bárbara, a atleta do estado avançou à semifinal do vôlei de praia e está muito perto de uma medalha olímpica.
Dona Zeca, como é conhecida, mora em Paranaguá, onde a filha foi criada, e está no Rio desde o último dia 3. Na arena de Copacabana, ela já tem seu lugar cativo no bloco 120, corredor 18. É ali que vê todas as partidas de Ágatha.
“Ela sabe que eu estou ali o jogo inteiro. Quando chega para o jogo, ela já bate o olho”, diz a mãe à reportagem da Gazeta do Povo que acompanhou a partida de quartas de final da dupla do Brasil ao lado dela a convite da P&G, uma das patrocinadoras da Rio-2016.
Maria, outros familiares e amigos estão uniformizados na Olimpíada. Todos tem uma camiseta que estampa a foto de Ágatha e Bárbara, além dos anéis olímpicos. Na parte de trás, a ‘função’ de cada um. No caso dela, está escrito em caixa alta: MÃE DE ATLETA.
E a mamãe olímpica é animada. Reforça o coro nos cânticos da torcida e arrisca algumas coreografias ensinadas pelos animadores da arena. Até toma uma cervejinha para ajudar a aliviar a tensão.
No momento da entrada das adversárias do dia, as russas Ukolova e Birlova, nada de vaias. Pelo contrário. Aplausos. Quando a filha Ágaha é anunciada, as palmas são de pé. O jogo começa e, a partir daí, vem o verdadeiro sofrimento.
Tensa, Dona Zeca praticamente não se levanta mais da cadeira. Acompanha atenta e revela sua grande mania: gosta de “chamar os pontos” para a filha. Por exemplo: se o placar anota 6 a 5 para as brasileiras, ela começa a repetir “sete, sete, sete...”. E assim por diante. É uma forma de atrair a próxima pontuação a favor de Ágatha.
“Gosto de focar nas coisas positivas para ela me ver sempre alegre e bem. Mas é uma sofrência enorme”, conta Maria.
A mãe também gostar de guiar a filha durante as jogadas. “Vai filha”, “capricha”, “porrada, filha”. São alguns dos comandos maternos. No domingo, o mais importante foi dado quando Ágatha e Bárbara precisaram salvar um set point. “Pega essa filha!”, gritou a mãe. E deu certo. Uma defesa da paranaense permitiu o contra-ataque que evitou a derrota e encaminhou a virada na primeira parcial do jogo.
Em momentos ruins do jogo, a bandeira do Brasil que carrega no pescoço vai em direção a boca para abafar um xingamento. Mas não houve motivo para ficar triste. A vaga na semifinal foi garantida (2 sets a 0) e, depois do jogo, Ágatha veio direto para a arquibancada dar um abraço e muitos beijos na mãe.
“Representa muito ter ela aqui. Até eu procuro não olhar muito, porque não posso ficar emotiva. Tenho que estar agressiva na partida. Mas eu sei que ela está lá e, quando acaba o jogo, eu amo correr para dar uma abraço nela. Minha mãe é uma força para mim”, afirma Ágatha.
A paranaense está a apenas uma vitória da final dos Jogos do Rio. Mas na semi, na terça-feira (16), terá uma pedreira: as norte-americanas Walsh Jennings e Ross. Walsh é a atual tricampeã olímpica.
“Esse aqui é o sonho realizado dela. Eu sei que ela vai dar o melhor. Se for para ganhar, vai ganhar. Se não for, ela veio até aqui e conquistou essa vaga por merecimento. Ela já é a nossa campeã”, diz a orgulhosa Dona Zeca.