Horas depois de confirmar que o governo russo teve participação no esquema de doping realizado antes e durante os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014 em Sochi, a Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) pediu que o Comitê Olímpico Internacional (COI) puna o país com dureza. O órgão sugeriu que a Rússia seja excluída de todas as competições da Olimpíada do Rio.
A Wada divulgou na tarde desta segunda-feira uma lista com sete pedidos específicos, entre eles o da exclusão dos atletas russos da Olimpíada e da Paralimpíada. O órgão quer que não haja qualquer participação do país no evento, inclusive de seus dirigentes, que também estariam proibidos de comparecer às competições se os pedidos da agência forem atendidos.
Toda esta repercussão é fruto dos resultados da investigação independente liderada pela Wada e divulgada nesta segunda pela manhã. Nela, foi comprovado que o governo russo de Vladimir Putin fraudou os testes de laboratório antes e durante os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014 em Sochi para beneficiar seus atletas.
Imediatamente, um grupo de 10 países, incluindo Alemanha, Espanha, Japão, Suíça, Estados Unidos e Canadá, pediu que o COI considerasse excluir a Rússia de todas as competições da Olimpíada deste ano. O desejo ganhou mais força depois que a Wada se juntou ao grupo e sugeriu que o comitê confirme a exclusão.
Mas a Wada não parou por aí e incluiu outros pedidos em sua lista. O órgão quer que todas as federações esportivas mundiais que se sentiram afetadas pelo esquema tomem medidas contra as associações nacionais esportivas da Rússia. Além disso, sugeriu que Fifa analise as acusações relativas ao futebol e o papel no esquema do ministro do Esporte russo, Vitaly Mutko, que também atua como membro do Comitê Executivo da entidade.
Mergulhado em sua pior crise de doping, o esporte russo já foi alvo de um abalo ao ter o seu atletismo impedido de competir na Olimpíada – apenas aqueles que conseguirem provar que passaram em controles de doping fora de país é que poderão competir.
Mas o informe produzido pelo advogado canadense, Richard McLaren, à pedido da Wada, revelou que a operação de doping foi conduzida pelo próprio governo. A investigação foi feita depois que o ex-diretor do laboratório russo, Grigory Rodchenkov, revelou ao The New York Times que, durante os Jogos de Sochi, recebeu ordens para trocar as amostras de sangue e urina de dezenas de atletas. Pelo menos 15 deles ganharam medalhas.
McLaren, em seu informe, confirmou a suspeita. “Acima de qualquer dúvida, chegamos à constatação de que o laboratório de Sochi criou um sistema de doping direcionado pelo Estado”, disse. “Isso não é apenas para atletismo, mas para muitos esportes”, insistiu.
Segundo ele, a metodologia consistia “em trocar amostras e permitir que atletas pudessem competir, mesmo dopados”.
A investigação ainda apontou que o governo de Putin “dirigiu e controlou” o esquema de doping, usando até mesmo os serviços de inteligência da ex-KGB. O especialista indicou que chegou a isso por meio de entrevistas, revisão de milhares de páginas, análises laboratoriais e testes forenses.
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