O esquema de segurança para os Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro deve envolver cerca de 60 mil homens entre agentes públicos e privados, mais que o triplo do empregado no Pan-2007, mas não prevê a ocupação de favelas como ocorreu no evento continental, de acordo com uma fonte com conhecimento direto dos preparativos para a proteção do evento.
A proposta, que está sendo finalizada pelo governo federal, governo do RJ e comitê organizador dos Jogos, engloba a participação da Polícia Federal, Força Nacional de Segurança e Forças Armadas, além das forças locais de segurança, como as polícias militar e civil, os bombeiros e guardas municipais, e agentes particulares.
Ao contrário do Pan-2007, não está prevista a ocupação pelas Forças Armadas de favelas dominadas pelo tráfico de drogas, segundo a fonte, porque “a situação de segurança melhorou substancialmente no Rio”, mas pode haver um reforço do policiamento nessas áreas.
Os índices gerais de violência na cidade caíram nos últimos anos desde a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) em diversas favelas, mas o Rio tem vivido ultimamente uma onda de assaltos violentos, muitos com o uso de facas, a pouco mais de um ano da Olimpíada.
“O esquema está praticamente montado e agora dependemos do orçamento para finalizar”, disse nesta terça-feira à Reuters uma fonte próxima do planejamento de segurança, sem informar, no entanto, qual seria o montante necessário para colocar em prática o esquema com 60 mil homens.
A questão orçamentária envolve principalmente a mobilização da Força Nacional de Segurança, uma tropa itinerante, e da Polícia Federal, que teria de deslocar homens adicionais para o Rio e também para a proteção de fronteiras, de acordo com a fonte.
“É um ano difícil, de orçamento apertado, e estamos fazendo contas para obter liberações do governo federal”, afirmou.
De acordo com o Ministério da Defesa, o gasto total com segurança será de 600 milhões de reais, sendo 350 milhões com as forças públicas e 250 milhões a serem aplicados em segurança privada. O ministério, no entanto, não especifica quantos homens estão previstos para serem empregados dentro desse orçamento.
Segundo a fonte com conhecimento direto dos preparativos, a previsão inicial é de que sejam destacados 9,5 mil homens da Força Nacional de Segurança e mais outros 8 mil agentes da Polícia Federal. Eles estarão envolvidos na segurança de atletas, delegações, autoridades e instalações olímpicas.
Inicialmente, a proposta do governo era empregar apenas agentes públicos na segurança dos Jogos, mas depois ficou definido que agentes privados também irão atuar no evento, como já aconteceu em edições passadas de Jogos Olímpicos e Copas do Mundo, inclusive no Mundial de 2014 no Brasil.
“Esse é um conceito que deu certo e vai ser usado em 2016”, disse a fonte.
O plano de segurança da Olimpíada é três vezes maior do que o empregado nos Jogos Pan-Americanos de 2007 também realizados no Rio de Janeiro, quando cerca de 18 mil homens foram convocados para atuar no evento.
O esquema também é maior do que o utilizado na Olimpíada de Londres-2012, que contou com cerca de 40 mil homens entre as forças públicas de segurança e agentes privados. No entanto, o planejamento do Rio prevê um número menor de agentes do que na Olimpíada de Atenas-2004, quando foram utilizados 75 mil homens de diferentes forças, em especial devido a preocupações de terrorismo.