Duas auditorias realizadas por técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU) apontaram atrasos que trazem “riscos significativos” à realização de eventos-testes para os Jogos Olímpicos de 2016. As análises se referem às obras do Parque Olímpico e do Complexo Esportivo de Deodoro.
Dentre os problemas encontrados, os que mais chamaram a atenção dos ministros do TCU na sessão plenária da última quarta-feira (16) são os possíveis atrasos nas obras do velódromo, do parque equestre e do centro de tênis – os mesmos apontados pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) em sua última vistoria, em fevereiro.
Em nota, a prefeitura do Rio informou que ainda não recebeu o relatório e negou que haja problema no cronograma das obras. “A auditoria teria sido realizada no mês de dezembro de 2014, e o resultado não condiz com o momento atual”, diz o texto.
“O acompanhamento do TCU é focado nos equipamentos em que há investimento do governo federal, apenas R$ 1,2 bilhão, do total de R$ 6,6 bilhões da Matriz de Responsabilidades”, prossegue a nota. O comunicado diz ainda que o presidente do tribunal, Augusto Nardes, visitou as instalações na companhia do prefeito Eduardo Paes no último dia 10 e “pôde observar a evolução das obras, que estão dentro do prazo”.
Relatório
O documento apreciado pelos ministros na quarta-feira informa sobre atrasos “preocupantes” e destaca o prazo olímpico “extremamente rígido”. “A obra do velódromo apresenta situação preocupante, não somente pelo atraso (39,86% ante 53,01% estimado), mas principalmente pelo ritmo imposto pela empresa construtora, que se apresentava incompatível com a conclusão da obra a tempo da realização do evento-teste da modalidade (previsto para março de 2016)”, diz trecho do relatório.
Apesar disso, os auditores verificaram que “nas últimas semanas, durante a elaboração deste relatório, recebemos informação de que a obra do Velódromo evoluiu de 16,53% para 39,86% o que indica uma evolução sensível no ritmo da obra.”
Além do velódromo, o TCU apontou problemas também no centro de tênis. “(O local que) apresentava pequeno atraso durante a visita técnica, reduziu o ritmo nas últimas semanas, ampliando a defasagem do avanço físico para 13,14% (48,81% executado contra 61,95% previsto). A Riourbe apresentou um plano de recuperação para mitigar os riscos de atraso dessa obra”, diz o texto.
Já no Complexo Esportivo de Deodoro, o relatório do TCU afirma que “há um risco significativo” de as obras não cumprirem os prazos previstos dos eventos-testes. “Considerando que o cronograma da licitação, à época da assinatura, previa 540 dias (18 meses) para a conclusão da área norte, verifica-se que a obra estaria concluída apenas em abril de 2016, enquanto que o último evento-teste da área norte está previsto para março.”
Mas é a área sul do complexo que mais preocupa o TCU. Segundo os auditores, a média de atraso nas obras em dezembro era de dez semanas, sendo que os trabalhos no Parque Equestre estariam com uma defasagem de 15 semanas em relação ao cronograma estabelecido.
As obras do complexo têm sido uma das maiores pedras no sapato dos organizadores. Inicialmente, elas seriam realizadas pelo Governo Federal. Depois, passaram a ser de responsabilidade do Governo do Estado, mas no ano passado ficou estabelecido que caberia à prefeitura do Rio a construção do local.
Segundo o TCU, porém, os problemas de cronograma nada têm a ver com aquela indefinição. “Os atrasos utilizam como referência a linha de base elaborada após a contratação da obra e não contemplam o atraso com que a Prefeitura recebeu o empreendimento. Registra-se, ainda, que o presente achado é considerado grave em função do prazo Olímpico, que é extremamente rígido.”
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