Atualizado em 22/11/2006, às 22h
Integrantes da ala oposicionista do presidente do Coritiba, Giovani Gionédis, organizaram uma entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira em um hotel da capital paranaense. Encabeçado pelo conselheiro Tico Fontoura, que concorreu à presidência nas últimas e conturbadas eleições, o grupo pediu a renúncia de Gionédis nas próximas 48h.
Se o atual presidente do clube não decidir abandonar o cargo por vontade própria, os líderes da oposição pedirão à Mesa do Conselho Administrativo uma assembléia geral para discutir um processo de cassação ou impeachment de Gionédis. Haveria, segundo os opositores entre eles os ex-presidentes Edson Mauad, João Jacob Mehl e Francisco Araújo - vários documentos que serviriam para abrir um processo administrativo para a saída do presidente.
Em entrevista à Gazeta do Povo Online, o conselheiro Tico Fontoura afastou qualquer possibilidade de uma nova composição com a diretoria que comanda o Coxa e tem mandato até o final de 2007. "Não só não existe essa possibilidade, como as informações que divulgaram por aí são escandalosamente mentirosas. Falaram que o Bonamigo já estaria demitido se assumíssemos o departamento de futebol do clube. O Paulo (Bonamigo) é meu amigo particular e seu eu precisasse falar algo para ele falaria diretamente".
A iniciativa de solicitar a renúncia e/ou o impeachment de Gionédis foi tomada por vários conselheiros alviverdes. Segundo Fontoura, é praticamente impossível que todos possam mudar de opinião, mesmo porque a pressão da torcida é muito grande. "Poderíamos até pensa em talvez mudar a nossa posição se surgisse algum fato novo extremamente relevante, mas nem me pergunte qual seria esse fato incrível. Não saberia te dizer".
As polêmicas envolvendo Gionédis e a oposição foram aparecendo durante o último ano, mas nasceram no final de 2005. Na época, a chapa do atual presidente teria vencido a eleição por apenas um voto de diferença. A oposição contestou o resultado alegando a existência de irregularidades em alguns votos. Os membros da diretoria executiva que não poderiam votar, pois não haviam se licenciado de seus cargos em tempo hábil. Na seqüência, Fontoura deixou de contestar judicialmente o resultado para não prejudicar o desempenho do time em campo.
A mais recente polêmica envolveu o ex-presidente Evangelino da Costa Neves. O "campeoníssimo", como é carinhosamente conhecido, afirmou que teriam falsificado sua assinatura do "tal" documento que permitia o voto dos membros da diretoria, mas depois voltou atrás e disse que tinha assinado.
Como alguns documentos em mãos e com base em todas as polêmicas levantadas até hoje, Fontoura foi o porta-voz de vários dirigentes e sócios do Coritiba. "Essa foi uma posição tomada por nós e apresentada para toda a imprensa. Estamos cumprindo o que a nossa consciência determina"
O "Fato Novo"
Um chamado "fato novo" jargão utilizado no futebol para indicar alguma mudança no clube, seja de treinador, jogadores, ou comando que foi levantado pela imprensa durante essa semana, seria a volta do ex-presidente Domingos Moro. Afastado do clube em 2004, por motivos que na verdade nunca ficaram claros, Moro goza de algum prestígio junto à torcida alviverde e confirmou que foi convidado para retornar ao clube.
Tico Fontoura acredita que medidas como esta, ou seja, a volta de Moro e até uma possível data para o início das obras do 3.º anel do Couto Pereira, antigo sonho da torcida - seriam eleitoreiras. "Que o Giovani tem um objetivo eleitoreiro, não tenho dúvida nenhuma. Quanto a ele concretizar estes fatos, é outro problema. Ele (Moro) é uma das grandes figuras do conselho do Coritiba e é evidente que ele poderia ajudar na administração do Giovani ou em qualquer outra, atuando em todos cargos administrativos do Coritiba".
A importância da possível volta de Moro é destacada como atenuante para a crise política do clube, mas que não chegaria nem perto de resolver os problemas. "Na minha opinião seria bom para o Giovani, já que o Moro tem muito prestígio com a torcida. Da mesma forma que a torcida protesta quando contrata um Ludemar da vida (uma das contratações mais contestadas da temporada), ela fica satisfeita quando alguém importante como o Moro assume um cargo na diretoria".
Mas o conselheiro revela sua real vontade. "Acreditamos que o Moro, pesados todos os fatores que incluem as mágoas que ele sentiu quando deixou o clube - não vá aceitar o convite. Mas, respeitarei a posição que ele venha a tomar", conclui Fontoura.
O conselheiro Domingos Moro não foi localizado pela reportagem da GPol.
Diretoria se cala
A atual diretoria do Coritiba reiterou, através da assessoria de imprensa do clube, que não irá se pronunciar sobre as últimas notícias. Na próxima segunda-feira haverá uma entrevista coletiva, em local ainda indefinido, quando Gionédis tratará de vários assuntos, principalmente do atual momento do time.
Apoio de membro do "triunvirato"
O ex-presidente Edson Mauad - que junto com Joel Malucelli e Sérgio Prosdóscimo levo o Coxa à 1.ª divisão na década de 90 - ofereceu seu apoio para o bem do Coritiba. "Não acho que seja o momento de divisões e brigas políticas. Tenho 40 anos de Coritiba e vejo que é a hora da integração, de unir forças para levar o Coxa de volta à primeira divisão. Se nos dividirmos será pior", disse em entrevista à Rádio Banda B.
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