Todas as quartas-feiras, das 7 às 21 horas, fíéis vão ao bairro Alto da Glória orar na tradicional novena da Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Nas últimas semanas, olhar para a construção em frente, o Estádio Couto Pereira, tem lembrado os católicos coxas-brancas que eles têm algo a mais para pedir nas missas: salvação para o time do coração.

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Ontem a região estava mais movimentada do que de costume. Um lado da Rua Amâncio Moro concentrava os freqüentadores da novena, enquanto o outro abrigava uma longa fila de pessoas em busca de um ingresso para o jogo de domingo, entre Coritiba e Corinthians.

Não era raro ver torcedores alviverdes preocupados com a possibilidade de rebaixamento do time saindo da bilheteria direto para a igreja. "Esse pensamento positivo só faz bem. Hoje estou aqui e domingo vou levar minha fé ao estádio", disse o representante comercial Mário Alberto Losch. "Acho que é válido aproveitar a missa ao lado do Couto para pedir pelo nosso time", acrescentou o estudante Fábio Recco Carvalho.

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Paróquia e clube têm uma ligação histórica. "Quando ocorrem jogos na quarta-feira à noite, muitas pessoas nos visitam antes de ir para o estádio", contou o padre Dirson Gonçalves, responsável pela igreja.

Há pouco mais de dois anos, até o símbolo sobre o santuário mudou de cor por influência do vizinho. Quem vai ao Couto Pereira em jogos noturnos deve ter notado que a cruz sobre a curva de entrada de uma hora para outra ganhou um brilho verde. "Em princípio, todas devem ser vermelhas. Mas aqui foi feito um acordo para trocar", explica o padre.

Em Curitiba há menos de um ano, ele diz ainda não ter escolhido um time para torcer. Porém aceitou dar uma ajudinha ao Coxa. "O pessoal do clube me pediu e fiz a bênção no vestiário e nas roupas dos jogadores", revelou. Coincidentemente, depois da visita, realizada há cerca de dez dias, a equipe começou a mostrar sinais de recuperação no Brasileiro.

Por incompatibilidade de horários, os jogadores não puderam ser abençoados pelo padre Dirson. Mas pelo menos um deles, o zagueiro Alexandre Luz, faz questão de comparecer religiosamente às novenas. "Vou toda quarta-feira. E ultimamente tenho orado também para que consigamos tirar o Coritiba dessa situação difícil."

A maioria dos companheiros prefere a fé evangélica. É o caso do técnico Márcio Araújo, que chegou a ser chamado de Pastor ao assumir o cargo – apelido que ele pediu para ser deixado de lado. "Independentemente da crença de cada um, você acreditar em algo é fundamental. Além é claro de fazer a sua parte com trabalho", discursou o treinador.

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"Futebol e fé estão muito ligados na cabeça do torcedor. E ele faz de tudo o que pode para ajudar", acrescentou Araújo, que não dispensa qualquer pensamento positivo dos coxas-brancas na busca por uma vitória domingo, sob a cruz do Perpétuo Socorro.