O envolvimento e a herança política garantiram um salto e tanto na carreira de Marcello Richa. De estagiário em áreas jurídicas, pois está no quinto ano de Direito, a secretário municipal. Aos 25 anos e sem nunca ter tido outro emprego anterior, ele assumiu a pasta de Esporte, Lazer e Juventude (SELJ) com o poder de gerir um orçamento anual em torno de R$ 31 milhões, 0,5% do total da prefeitura.
A decisão do prefeito Luciano Ducci em nomear o filho do aliado e governador Beto Richa ganhou contornos nepotistas. A forma como foi indicado e a estreia na carreira profissional logo em um cargo de tamanho prestígio, ainda mais neste período pré-Copa do Mundo, representam uma pressão. "Sei da enorme responsabilidade que recai sobre os meus ombros", assume.
Pode faltar experiência, mas não falta intimidade com a função pública para o primogênito do governador e neto de José Richa, cujo retrato estilizado se destaca na decoração simples do gabinete na SMELJ. Habilidoso no futebol chegou a treinar por cinco anos no Malutrom , desde pequeno ele acordava cedo para disputar peladas com ambos, sempre seguidas de confraternizações aquecidas por intermináveis debates políticos. "Do meu avô eu herdei a parte ideológica. Do meu pai, a parte funcional", conta. De ambos, o discurso.
Ele sabe e enfrenta com aparente segurança os questionamentos sobre a sua capacidade de gerir a pasta. "Tenho certeza de que vou conseguir dar uma dinâmica diferente de trabalho para a secretaria e tenho uma equipe técnica maravilhosa aqui", elogia.
Mas este é apenas um dos temas espinhosos da sua gestão. Seu apadrinhamento político era assunto esperado na entrevista, que demorou três semanas para ser marcada pelos assessores enquanto ele se ambientava à secretaria. Após tanto tempo, a resposta estava pronta.
"Ocupo um cargo de confiança do prefeito. Ele acompanhou minha longa atuação como responsável pelo PSDB jovem. O que me dá uma tranquilidade grande. Acho que a população é preocupada com essas questões [de nomeação como troca de favores]. Mas é uma situação que se equilibra com o trabalho apresentado. Eu vou buscar, claro que sabendo dessas críticas, apresentar cada vez mais trabalhos consistentes para a nossa população. Não tem muito segredo", afirma.
Marcello Richa defende antigas demandas da pasta, como a construção de um novo ginásio na cidade uma das promessas de campanha do pai em 2008. Mas, para ele, o empreendimento pode servir para sanar outro anseio da cidade.
"Com essa arena multimodal, temos o que oferecer aos atletas pratas da casa, que saíram e são tão valorizados lá fora, para voltarem a treinar aqui. Não podemos adiantar ainda, mas já iniciamos muitas conversas. Queremos trazer o circuito de vôlei, um time de vôlei, ou uma equipe de outra modalidade para a cidade. O interesse é muito grande", revela. A proposta, cujo modelo ideal contaria com uma parceria privada, fecharia uma lacuna aberta desde 2004 com a transferência do time de vôlei feminino do Rexona para o Rio, após sete anos na capital.
Outra estratégia do secretário é dar sequência a projetos de grande aceitação na cidade, como as academias ao ar livre. Os planos são para a instalação de 75 novas unidades, quase o dobro das 39 entregues em 2010.
Ampliar o circuito de corridas de rua também está na pauta. Bem como construir um Centro da Juventude no Boqueirão e entregar um Clube da Gente já em obras na Cidade Industrial de Curitiba (CIC).