A Gaviões da Fiel, principal organizada do Corinthians, reforçou sua campanha contra a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) para a Presidência do país. Na noite desta quinta-feira (20), a organizada publicou uma nota oficial na qual lembrou a luta da torcida contra a ditadura militar e voltou a chamar voto contra Bolsonaro, considerado um candidato antidemocrático.
Menos de cinco minutos depois, a Torcida Jovem do Santos também publicou uma nota oficial na qual se engaja na campanha contra a candidatura do capitão.
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“É importante deixar claro a incoerência que há em um Gavião apoiar um candidato que, não apenas é favorável à Ditadura Militar pelo qual nascemos nos opondo, mas ainda elogia e homenageia publicamente torturadores que facilmente poderiam ter sido os algozes de nossos fundadores”, escreveu a torcida corintiana, em nota aprovada pelo conselho deliberativo da agremiação.
A Jovem do Santos publicou um texto na mesma linha. “Reforçamos a origem da nossa torcida deixando claro que as pautas apresentadas pelo candidato Bolsonaro -e demais candidatos com o mesmo alinhamento ideológico- são incompatíveis com as raízes da Torcida Jovem e não representam os interesses coletivos que sempre buscamos ao lado do povo e da massa santista”, escreveu a agremiação.
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No caso da Gaviões, a nota foi a segunda manifestação pública contra Bolsonaro em dois dias. Na madrugada anterior, Rodrigo Tápia, O Digão, presidente da torcida, já havia publicado um manifesto contra a candidatura em seu perfil pessoal. O texto causou polêmica na própria torcida e outros associados se manifestaram contra a posição de Digão.
Na quarta, a reportagem havia procurado as outras torcidas de clubes de São Paulo para saber como elas se manifestariam em relação à corrida presidencial. As organizadas de Palmeiras e São Paulo disseram que ficariam neutras.
Leia a nota da Gaviões da Fiel
“NOTA OFICIAL - POSIÇÃO DOS GAVIÕES DA FIEL SOBRE CANDIDATO ANTIDEMOCRÁTICO
Foi misturando política e torcida que, em 1969, alguns jovens Corinthianos fundaram o que viria se tornar a maior torcida organizada do país, os Gaviões da Fiel. Em uma época marcada pela fortíssima repressão da Ditadura Militar, aqueles torcedores decidiram se unir para lutar contra Wadih Helu, então presidente do Corinthians e também político do regime.
Ao declararem a contrariedade ao regime que impedia toda e qualquer liberdade de expressão, os primeiros jovens Gaviões foram perseguidos e, por vezes, espancados pelos capangas do cartola e político.
Paralela à batalha em prol do Corinthians, ilustrada pelo conhecido primeiro enterro simbólico de um dirigente no país, também estava a luta pela redemocratização do Brasil. A abertura de faixas na arquibancada exigindo o direito da sociedade escolher o presidente, bem como anistia ampla, geral e irrestrita aos exilados políticos da época, faz parte do conjunto de fatos marcantes dos 49 anos dos Gaviões da Fiel.
Por este e outros motivos, é importante deixar claro a incoerência que há em um Gavião apoiar um candidato que, não apenas é favorável à Ditadura Militar pelo qual nascemos nos opondo, mas ainda elogia e homenageia publicamente torturadores que facilmente poderiam ter sido os algozes de nossos fundadores.
Hoje, com mais de 112 mil associados, entendemos existirem diferentes formas de pensar e posicionar-se numa sociedade democrática. Respeitamos essa pluralidade de ideias, pois ela é a essência da democracia pelo qual nossos fundadores lutaram. Não podemos, portanto, concordar jamais com quem se posiciona justamente contrário aos valores básicos do Estado Democrático de Direito.
Não se trata de exigir que nossos associados se posicionem obrigatoriamente à esquerda ou direita, mas em um momento conturbado de nossa política, pedimos para que nossos associados olhem para nosso passado e entendam tudo o que hoje fomenta nossa ideologia.
Afinal, foi contra todo ditador que no Timão quiser mandar que os Gaviões nasceram pra poder reivindicar.
// Gaviões da Fiel Torcida - Força Independente \\
*Nota aprovada pelo Conselho Deliberativo dos Gaviões da Fiel
Leia a nota da Torcida Jovem do Santos
MANIFESTO TORCIDA JOVEM
A Torcida Jovem do Santos, ao longo dos seus 49 anos, construiu uma história marcante na luta pela democracia e contra a opressão que sempre tentou calar a voz da arquibancada. Uma luta que começou no final dos anos 60 enfrentando a ditadura militar e que se estende até hoje contra os mecanismos que almejam destruir o futebol popular e a nossa liberdade.
Nossa torcida é composta pela classe trabalhadora, por pessoas de diferentes etnias, crenças e demais individualidades que se unem como povo. Em função disso, e pelo nosso compromisso com a liberdade, nos posicionamos contra uma plataforma política que defende a ditadura militar como saída para os problemas do país. Não reconhecemos como opção viável um discurso que reforça o estereótipo preconceituoso que marginaliza o povo pobre e, por consequência, o torcedor.
Essa plataforma política é nociva para a evolução da sociedade e vai contra os ideais defendidos pela Torcida Jovem do Santos, que foram construídos com muito suor.
Respeitamos as escolhas pessoais de cada Tejota e não defendemos nomes específicos no atual panorama político, mas reforçamos a origem da nossa Torcida deixando claro que as pautas apresentadas pelo candidato Bolsonaro - e demais candidatos com o mesmo alinhamento ideológico - são incompatíveis com as raízes da Torcida Jovem e não representam os interesses coletivos que sempre buscamos ao lado do povo e da massa santista. Nosso repúdio a essa pauta extremista não apaga o olhar crítico que temos em relação ao cenário político em geral, tomando como referência a nossa postura histórica de combate aos retrocessos sociais.
A opressão jamais irá vencer a nossa luta por liberdade dentro e fora dos estádios!
TORCIDA JOVEM
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