Personagem
Giba triunfa como coadjuvante
Capitão e consagrado no vôlei internacional, Giba vive um novo momento na seleção brasileira. Reserva imediato de Murilo, escolhido o melhor jogador do Mundial, o paranaense ajuda na base da liderança, da conversa, da orientação aos colegas e nem por esse papel secundário deixa de vibrar como se fosse seu primeiro título na hora de levantar a taça.
Foi assim ontem, na conquista do tricampeonato mundial contra Cuba. O camisa 7 brasileiro não participou de um instante sequer da final, mas estava lá, com seu "bigodon" tradicional em todos os momentos de decisão.
E na década de conquistas sob o comando de Bernardinho, Giba foi fundamental. Aos 33 anos, ele deve seguir com a equipe nacional até a Olimpíada de Londres em 2012 como a principal referência do grupo. Nada mais justo para quem foi o melhor na medalha de ouro em Atenas-04 e na conquista do Mundial-06 no Japão. Do título levantado há quatro anos até a conquista de ontem, a renovação chegou com força ao time de Bernardinho. Só Giba, Dante, Rodrigão e Murilo continuaram na equipe durante todo o ciclo. Agora, o tempo é de Vissotto, Lucão, Bruninho, Théo, Marlon, Mário Júnior e companhia.
"Com esse time fica até mais ou menos fácil de entrar na equipe e jogar bem", reconheceu o meio de rede Lucão. "Todos os dias vou buscar o melhor para jogar de igual para igual com o Serginho. Torço muito pela recuperação dele e seu que no ano que vem ele volta", avaliou o líbero Mário Júnior, referindo-se ao experiente Serginho, que não disputou as competições de 2010 pelo Brasil por causa de um cirurgia nas costas.
Superação
Para os jogadores, a marca da conquista brasileira foi a superação. Com discurso unânime, os atletas ressaltaram que a equipe precisou superar muitas dificuldades para chegar até o tricampeonato mundial. Bruno foi o principal exemplo de superação. O levantador se contundiu durante a semifinal contra a Itália, disputada no sábado, mas entrou em quadra ontem e admitiu que atuou longe das condições ideais. "Durante o aquecimento, falei para o Marlon: Não sei se vai dar. Mas iniciei e deu tudo certo. O time foi guerreiro. Com superação, inúmeros problemas, o Brasil é tricampeão mundial", disse o levantador. Já o líbero Mário Júnior relembrou a derrota para a Bulgária, na segunda fase do Mundial, quando o Brasil perdeu por 3 a 0 e acabou caindo num grupo mais fácil na sequência do campeonato. "O momento mais difícil foi entregar o jogo para a Bulgária. Entrar e saber que tinha esse objetivo, mas isso foi superado. Jogamos de acordo com a regra do campeonato. Ganhou o melhor", afirmou.
Completando dez temporadas à frente da seleção brasileira masculina de vôlei, o técnico Bernardinho viveu, ontem, mais um de seus momentos épicos. A conquista do tricampeonato mundial, com 3 sets a 0 sobre Cuba (25/22, 25/14 e 25/22), em Roma, na Itália, foi só mais uma prova do que o treinador é capaz.
Ele tornou-se o único na função a vencer três Campeonatos Mundiais. Os Mundiais vieram de forma consecutiva com os títulos na Argentina (02), Japão (06) e agora na Itália.
Além do técnico, apenas Dante, Rodrigão e o paranaense Giba estiveram presente nas três conquistas brasileiras.
"O time é tricampeão mundial. Não apenas eu. Talvez como jogador seja bem mais complicado conseguir essas três conquistas. O tempo útil da carreira de um jogador é bem mais curto", disse Bernardinho ao SporTV, logo após ver sua equipe bater os cubanos.
Se não bastasse o fato de ainda estar se recuperando de uma lesão no tendão de aquiles do pé direito, Bernardo Rezende teve muito mais dificuldades no torneio da Itália do que dirigir a seleção brasileira de muletas.
O técnico foi extremamente criticado por não reconhecer abertamente que mandou seus pupilos entregarem uma partida para a Bulgária na segunda fase. A derrota proposital deixou o Brasil com um caminho mais fácil a partir da etapa de mata-mata.
"Só quem está aqui [na Itália] sabe as pressões que passamos. É muito fácil criticar sentado na frente de um computador. Apenas procuramos focar no título sem prejudicar ninguém", disse Bernardinho, que se emocionou ao dedicar o título para a sua família e ao filho e levantador, Bruninho, que jogou a partida final no sacrifício.
Para evitar novas entregadas em competições futuras, a Federação Internacional de Vôlei anunciou que a partir do Mundial da Polônia, em 2014, o regulamento será semelhante ao da Copa do Mundo de futebol: apenas uma fase de grupos que classifica direto para a etapa de mata-mata.
Manchado ou não pelo episódio diante da Bulgária, o título do Brasil foi muito comemorado pelos jogadores. Teve o tradicional peixinho da vitória, contagem regressiva na hora do capitão Giba levantar a taça e também emoção no pódio com o Hino Nacional. Destaque para o atacante Murilo, escolhido melhor jogador da competição.
"Divido o prêmio com todos os demais jogadores e a comissão técnica", afirmou o jogador, irmão do ex-central da seleção Gustavo, campeão mundial em 2002 e 2006.
Agora, a próxima missão do melhor time do mundo é preparar-se para ganhar o ouro olímpico em Londres-2012.
Equipe desabafa sobre marmelada
Volta olímpica dada e medalha no peito, os atletas começaram a desabafar sobre o que de fato ocorrera na noite que antecedera a polêmica derrota para a Bulgária, dia 2.
O Brasil já estava classificado para a terceira fase e disputaria com os búlgaros o 1º. lugar do grupo. A liderança era indesejada, uma vez que a vitória poderia fazer com que a equipe caísse no grupo de Cuba.
Em uma reunião que se estendeu até as 5 h da madrugada da véspera da partida, a seleção decidiu que deveria poupar o levantador Bruno do jogo e preservá-lo para o primeiro jogo da terceira fase. Com Marlon ainda se recuperando de uma infecção intestinal, Bruno atuara, até então, quatro jogos sem um reserva para fazer o revezamento em quadra. Segundo o meio de rede Rodrigão, Bernardinho relutou em aceitar a proposta e só a aceitou graças à intervenção de três veteranos.
"Eu, Giba e Dante fomos atrás do Bernardo e falamos para ele que o Bruno deveria ser poupado. Ele acabou aceitando", disse Rodrigão. O central revelou que a decisão de improvisar Théo como levantador implicaria em uma derrota consciente da equipe. "Sabíamos que, se o Théo fosse o levantador, teríamos chances remotas de vencer."
Murilo também fora poupado e Giba jogara em seu lugar. Os brasileiros entraram em quadra pouco dispostos a vencer o jogo.
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