Depois de sete anos, os paranaenses não terão mais oportunidade de ver, ao vivo, a dupla Ricardo e Emanuel disputar um jogo de vôlei de praia. Ao menos, não do mesmo lado da quadra. Ontem à noite, os dois anunciaram o fim da parceria, que resultou em duas medalhas olímpicas (ouro em Atenas-2004, bronze em Pequim-2008), cinco títulos do Circuito Mundial, um do Campeonato Mundial, três do Circuito Brasileiro e o Pan-Americano do Rio 2007.
No momento do anúncio, um vestia a camisa do outro, em sinal de que a decisão foi consensual e pacífica. "Não brigamos, não foi por causa de patrocinador, foi uma decisão que vínhamos pensando já antes do início do Campeonato Mundial deste ano", disse o paranaense Emanuel.
A dupla ainda joga junta as últimas quatro etapas do Circuito Nacional. Todas em areias nordestinas (João Pessoa-PB; Recife-PE, Maceió-AL e Salvador-BA, esta em 25 de novembro). O anúncio surpreendeu especialmente porque Emanuel voltou a jogar, depois de um mês afastado por causa de uma lesão no pé esquerdo. "Foram momentos em que minha amizade com o Ricardo aumentou ainda mais", disse à reportagem da Gazeta do Povo o atleta, nitidamente incomodado em comentar o anúncio.
Um dos motivos da separação, afirmou, foi a vontade de morar no Rio de Janeiro com a mulher, a ex-jogadora de vôlei Leila. A dupla treinava em João Pessoa. Outra questão enfatizada por Emanuel para justificar a decisão é a possibilidade de formar outras duplas igualmente fortes e assim melhorar a qualidade do esporte no país. "Acho importante termos essa visão de evoluir, temos muita experiência a passar a outros jogadores", resumiu.
Sobre as novas parcerias, o paranaense disse não ter nada acertado ainda. "Está todo mundo perguntando isso. Ainda estou me desvencilhando de uma história que é muito maior. Mas essas são coisas que acontecem. Tudo o que aconteceu foi maravilhoso", disse. Além dos títulos conquistados ao lado de Ricardo, Emanuel foi eleito duas vezes o "Rei dos Reis" e três vezes o "Rei da Praia".
Ricardo acumula ainda dois títulos de melhor jogador do mundo pela Federação Internacional de Vôlei (FIVB) e um prêmio de "Herói Olímpico" concedido pelo Comitê Olímpico Internacional (COI).
Com o fim da dupla, é inevitável que, a partir do ano que vem, eles se enfrentem em competições nacionais e internacionais. Sobre os futuros duelos, ambos afirmaram ao site globoesporte.com não terem pensado ainda no assunto. "Joguei contra ele no Rei da Praia e me senti muito constrangido. Seria como jogar contra alguém da minha família", declarou Emanuel.