Rafaela Silva entrou ontem para a história do judô brasileiro ao se tornar a primeira judoca do Brasil a conquistar o título mundial. No campeonato disputado no ginásio do Maracanãzinho, no Rio, ela ganhou o título inédito na categoria até 57 kg após derrotar a norte-americana Marti Malloy na final.
Enquanto a seleção brasileira masculina já somava quatro títulos mundiais na história, a feminina ainda não tinha subido no lugar mais alto do pódio nesta competição. Mas o jejum acabou com Rafaela Silva, uma judoca de 21 anos, que teve uma campanha fantástica ontem.
No Mundial de Paris, há dois anos, Rafaela Silva tinha chegado muito perto do ouro, mas perdeu a final para a japonesa Aiko Sato. Desta vez, porém, contou com o apoio da torcida para poder conquistar o tão sonhado título, coroando também a ascensão do judô feminino do país.
As três medalhas do Brasil no Mundial, em três dias de disputa do Mundial, foram conquistadas pelas mulheres. Na segunda, Sarah Menezes ganhou bronze na categoria até 48 kg. No dia seguinte, foi a vez de Érika Miranda levar prata no peso até 52 kg. E o ouro saiu com Rafaela Silva, após cinco lutas.
A conquista no Mundial é uma espécie de redenção para Rafaela, depois da traumática eliminação na Olimpíada de Londres. No ano passado, ela perdeu a chance de ganhar a medalha olímpica ao ser desclassificada por um golpe ilegal, chorando bastante ainda no tatame. Depois, as críticas a magoaram; e serviram de incentivo para lutar pelo ouro.
"É muito bom poder mostrar para o pessoal que disse que lugar de macaco não era no judô, que eu tinha de procurar outra coisa para fazer", desabafou a campeã. "Hoje estou aqui mostrando que não depende da cor ou do dinheiro. Depende da vontade e da garra", finalizou.
Mais uma judoca brasileira lutou ontem. Também pela categoria até 57 kg, Ketleyn Quadros (que foi bronze em Pequim-2008) perdeu logo na segunda luta, justamente para Marti Malloy.
No masculino, Bruno Mendonça, 9.º do mundo na categoria até 73 kg, conseguiu dois ippons nas suas primeiras lutas, mas acabou eliminado pelo bielorrusso Aliaksei Ramanchyk no terceiro duelo. O brasileiro abriu vantagem, vencia a luta após o bielorrusso levar três punições, mas acabou sofrendo um wazari e um yuko de Ramanchyk.
"O sentimento é de frustração, porque você treina todo dia para realizar um sonho, que é lutar em casa. Mas a minha esperança ainda não acabou, mas para frente terá a Olimpíada, que também será aqui no Rio. Estarei batalhando até lá para conquistar a minha tão sonhada medalha", disse Mendonça.
Hoje, o Brasil tem no tatame Katherine Campos (até 63 kg) e Victor Penalber (81 kg).