Não fosse por uma família de apaixonados, o futebol de mesa no Paraná seria hoje bem diferente do que é. A começar pela representatividade nas competições nacionais e até mundiais. Passando também pela sobrevivência de uma modalidade que já foi a preferida da molecada e, cada vez mais, enfrenta uma fortíssima concorrência dos videogames.
Rogério Nascimento, 32 anos, curitibano, é o atual campeão mundial da modalidade 12 toques quando o jogador tem de mandar para o gol na 12.ª jogada. Ele é primo de Roberto Rodrigues, também 32 anos, guarapuavano, terceiro colocado na mesma disputa. E se não fosse por Nilson Rodrigues, 75 anos, pai de Roberto e tio de Rogério, nada disso teria acontecido.
"Eu sempre joguei, a minha vida inteira, desde criança. Ensinei os garotos, eles pegaram o jeito e não largaram mais", diz Nilson, professor aposentado, nascido no Rio de Janeiro e paranaense por adoção, tetracampeão brasileiro na categoria máster.
Nilson iniciou quando os esquadrões eram formados, basicamente, pelos botões dos sobretudos velhos. Quando qualquer lugar plano servia de espaço para promover os embates. E, principalmente, quando a criançada quase não tinha, digamos, distrações "virtuais".
"Era um tempo bem diferente. Se brincava mais, saía mais de casa. Tinha bem menos violência também, é verdade. Hoje em dia, com os computadores e os videogames, tudo mudou", relembra o veterano das palhetas, que põe sempre em campo o seu Flamengo campeão brasileiro de 2009.
Roberto, que joga com o alemão Werder Bremen, e Rogério, que atua com a Holanda da Copa de 94, nasceram na era dos brinquedos eletrônicos e entendem bem essa rivalidade.
"Todo mundo já jogou videogame. Mas o futebol de mesa também tem os seus atrativos. É um esporte lúdico e divertido", diz Roberto, empresário, tetracampeão brasileiro (1999, 2009, 2010 e 2011).
O duro mesmo é convencer a garotada. "Acho que falta um pouco de divulgação e apoio. Quem começa a praticar sempre gosta. Mas acaba não continuando, por não ter onde jogar", explica Rogério, campeão brasileiro em 2006.
A transmissão mais natural e eficaz é a feita de pai para filho. "Quando o menino aprende cedo e tem a companhia do pai, como foi o meu caso, geralmente ele se empenha mais. O meu filho vai seguir esse caminho, com certeza", diz Roberto.
Assim, na base da paixão pelo futebol de mesa, os três seguem em frente. Contam, pelo menos, com o apoio do Clube Curitibano e do Clube Dom Pedro II, que cedem espaço para a prática. O primeiro vai além, e oferece uma verba que é utilizada nas viagens para campeonatos.
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