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Tati Berger e sua moto no Autódromo de Pinhais: “A moto me consome bem mais energia. Qualquer errinho é chão” | Priscila Forone/Gazeta do Povo
Tati Berger e sua moto no Autódromo de Pinhais: “A moto me consome bem mais energia. Qualquer errinho é chão”| Foto: Priscila Forone/Gazeta do Povo

Ela comprou a moto, uma Suzuki GSX-R, em agosto de 2008, e percebeu que nem conseguia controlá-la direito. Pouco mais de um ano de­­pois, o nome Tati Berger aparece na vice-liderança da categoria Su­­per Stock 750 cc da Copa APSBK Mercosul de Superbike, na frente de 20 marmanjos. Isso em meio a saltos de paraquedas, mergulhos ou qualquer esporte radical que aparecer. Sem falar no trabalho como gerente nacional do departamento jurídico do banco HSBC.

"Sou hiperativa mesmo", resume a paranaense de Coronel Vi­­vida, única mulher na pista durante o fim de semana no Autódromo Internacional, em Pinhais. Con­­dição que lhe parece cada vez mais estranha ao ir conhecendo outras apaixonadas pela motovelocidade.

Não adiantaram nada as proibições da mãe na infância. "Ela não deixava nem eu andar na garupa", lembra. "Mas sempre gostei de mo­­to, não tem jeito. No ano passado comprei essa só para andar com os amigos. Aí descobri que não sabia pilotar. Fiz um curso, acabei curtindo a pista e pensei: por que não competir?"

Sempre foi difícil segurar Ta­­ti­­ane, hoje com 31 anos e morando em Curitiba. "Quando tinha oito, vi uns caras pulando de uma ponte e queria também. Pedi até meu pai deixar. Ele ficou esperando com o barco lá embaixo. Lembro que minha mãe falava ‘essa menina vai morrer’. Depois de experimentar, queria voltar sempre. Aos 13, andei pela primeira vez de jet ski. Fui tão rápido que meu pai só falava ‘nossa...’, todo espantado."

Os voos não se restringiram à ponte. Há 13 anos, descobriu o paraquedismo e desde então contabiliza 830 saltos. É, inclusive, recordista brasileira da modalidade – conta o número de pessoas pulando juntas para formar uma figura no ar. Sem falar em mergulho, rafting, rapel, escalada...

"Dizem que é mais fácil falar algum esporte radical que eu ainda não tenha feito. Não sei se já experimentei todos, mas quem descobrir um, me avisa, porque vou querer experimentar", diverte-se.

O gosto pela velocidade acabaria nas pistas. "Já cheguei a 300 km/h", diz, sem conter a empolgação. E olha que em um treino, quando ainda estava começando, ela tomou um baita susto. "A moto teve um problema no fim da reta, a uns 280 km/h. Vi o muro chegando e decidi largá-la. Fui direto para o chão e deslizei até parar. Quem vinha atrás passou a um tanto assim (mostrando cerca de 30 centímetros com as mãos) da minha cabeça. Por milagre, saí sem nenhum arranhão."

Não à toa, considera a motovelocidade sua atividade mais arriscada. "Pular de paraquedas, por exemplo, serve para relaxar. A moto me consome bem mais energia. Qualquer errinho é chão. Em dia de corrida, nem consigo conversar direito."

Hoje, é a principal fonte de adrenalina para quem passa o dia no escritório. De lá, vai para a academia. A preparação diária, acompanhada por um personal trainer, inclui musculação e 10 km de corrida. "Mas acho que até preciso de mais condicionamento físico para o trabalho do que para praticar esportes", brinca Tati, também fã do clássico tênis. No trabalho, aliás, ela não lembra em nada uma aventureira. "Como estou sempre de roupa social, muita gente diz que não consegue me imaginar fazendo essas coisas", conta. Quem quiser tirar a prova, é só aparecer no autódromo hoje. Só os pais Tati sabe que não estarão lá. "Eles ficam felizes pelas minhas conquistas, mas não vêm às corridas. Entendo o lado deles. Aí já seria demais."

Serviço: 8ª etapa da Copa APSBK Mercosul de Superbike, hoje, às 11h45, no Autódromo Internacional Raul Boesel, em Pinhais. Entrada franca.

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