Há oito meses, no dia 23 de julho, em uma segunda-feira, Espanha e Austrália faziam o último jogo da Copa do Mundo em Curitiba, na Arena da Baixada, para 39.375 pessoas. Nesta segunda-feira (23), o estádio foi palco de um espetáculo menos eletrizante. Andraus e Apucarana levantaram a grama em partida válida pela Segunda Divisão do Campeonato Paranaense, um empate por 2 a 2.
Mesmo com o ingresso a R$ 10, somente 339 pessoas compareceram, gerando uma renda de R$ 1.980. Pior público e arrecadação da história da Arena – tirando os jogos do Atlético sem torcida devido à punição do STJD. Prejuízo certo, já que só colocar a estrutura do estádio em funcionamento custa muito mais caro que isso. No último jogo, do Furacão contra o Nacional, as despesas giraram em torno de R$ 60 mil.
Mas o inusitado jogo representou uma oportunidade única para torcedores e jogadores. O paranista Juscelino Lima, de 35 anos, estev na Baixada durante a Copa e aproveitou o valor reduzido para levar o sobrinho Juan Vicilli, 10 anos, pela primeira vez ao estádio. “Vou em quase todos os jogos do Paraná, mas não tem comparação. Aqui é moderno, de primeiro mundo”, afirmou Juscelino. O sobrinho disse que espera um dia ainda jogar ali.
As amigas Chris Santi, 28 anos, e Léa Vieira, 24, de Arapongas, aproveitaram a parada em Curitiba, voltando do Litoral, para conhecer o estádio. Cantora sertaneja, Chris gostou da Baixada, mas preferiu a Arena das Dunas, em Natal. “Como sou designer, achei os detalhes mais bonitos, é tudo redondo.” Sobre o jogo, foram enganadas. Acharam que era Campo Largo x Arapongas. A única coisa correta é que o Andraus é de Campo Largo.
Nem todo mundo usou a tarde de segunda-feira para a diversão. Mário Jorge Rodriguez, de 53 anos, levou a filha Daniela, de 18, para acompanhá-lo, mas o objetivo era observar novos talentos. A tarde não foi em vão. Havia gostado do “11” do Andraus,um “garoto ligeiro” de quem não sabia o nome, mas se informaria depois a respeito.
Para os jogadores, também foi especial. Acostumados a campos acanhados, para a maioria deles era a única chance na carreira de jogar em um estádio que já sediou uma partida de Copa do Mundo. O volante Douglas Marques , de 26 anos, do Apucarana, estava impressionado com a acústica. “O som é um diferencial. Escutei até a voz da minha mãe, que veio de Paranaguá, gritando”, disse.
O experiente goleiro do Apucarana, Luiz Antônio Olchaneski, de 37 anos, era o único que já tinha jogado na antiga Arena, mas também se encantou. “Era possível ver nos olhos dos garotos a emoção de jogar na Arena pela primeira vez. Eles aproveitaram para tirar foto em todos os cantos.”
Ninguém, porém, parecia mais emocionado que o zagueiro Juari Coelho, apelido Baloy, de 27 anos, do Andraus. Foi o último a sair de campo. Atleticano, já foi sócio do clube e sempre frequentou as arquibancadas. Mas dentro de campo era sua estreia. “Emocionante. Se Deus quiser eu vou voltar”, disse, andando de mãos dadas com o filho Rhuan Pietro, de cinco anos.
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