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Em alta, Fabiana Murer coloca o Mundial da Coreia do Sul à frente do Pan na lista de prioridades para 2011 | Michael Buholzer/ Reuters
Em alta, Fabiana Murer coloca o Mundial da Coreia do Sul à frente do Pan na lista de prioridades para 2011| Foto: Michael Buholzer/ Reuters

Opinião

Carlos Eduardo Vicelli, repórter.

Ah, se o Pan fosse no Rio

São só quatro anos, mas quanta diferença. Se em 2007 o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) tentou ao máximo valorizar os Jogos Pan-Americanos, simplesmente pelo fato de a competição ser disputada no Rio de Janeiro, desta vez a entidade fechou os olhos para Guadalajara-11.

Como não está em jogo a nossa reputação de bom anfitrião – e a Olimpíada de 2016 já foi confirmada para a capital fluminense –, vale tudo. Ou vale muito pouco. Viaja quem quiser. Bernardinho já anunciou que os tricampeões do mundo de vôlei ficarão por aqui. Neste caso, treinar é bem mais importante. César Cielo, nossa estrela da natação, mantém suspense sobre a participação na maior competição esportiva das Américas. Disputar as etapas da Copa do Mundo pode ser bem mais lucrativo.

Influenciados pelos ídolos, outros talentos nacionais devem esvaziar ainda mais a delegação. A exposição também será diferente. Desta vez a Rede Globo não irá transmitir (os direitos são da Record). Isso, somado ao fato de os Estados Unidos, maiores medalhistas, mandarem normalmente uma delegação C, colam no Pan a pecha de segundo escalão.

  • Brasil e Argentina no Pan do Rio, em 2007. Em 2011 os rivais voltarão a se enfrentar por vaga na Olimpíada. Modalidade é uma das poucas a valer classificação

O clima de euforia em verde e amarelo visto nos Jogos Pan-Americanos do Rio, em 2007, não se repetirá em 2011, na edição mexicana da competição, entre 14 e 30 de outubro, em Gua­­da­­lajara.

Apesar de ser o principal evento poliesportivo das Américas, para muitas mo­­da­­lidades os 15 dias de disputas são vistos apenas co­­mo mais um compromisso no calendário. Há ainda es­­portes em que, embora ne­­nhum atleta ou dirigente afirme com todas as letras, o Pan é um obstáculo em um ano decisivo para assegurar vaga na Olimpíada de Lon­­dres, em 2012 – poucas fe­­derações internacionais utilizam o torneio como classificatório para o principal evento esportivo do mundo.

Sem o apelo de ter o me­­lhor desempenho possível por "jogar em casa", como foi em 2007, o Pan de Gua­­da­­lajara pode não ter a presença de parte dos principais atletas brasileiros. Ou a participação de­­les pode não ser no melhor nível nas 36 modalidades (30 olímpicas) que serão disputadas.

A saltadora Fabiana Murer, por exemplo, ainda não sabe qual é o seu plano para a competição no México. "Minha prioridade será o Mundial, em agosto [na Coreia do Sul]. Depois, já devo entrar em clima de fim de temporada", diz a atleta do salto com vara, eleita a me­­lhor do esporte nacional na votação do público para o Prêmio Brasil Olímpico de 2010, evento do Comitê Olímpico Brasileiro (COB).

Para ela, conquistar o bicampeonato do Pan não é uma obsessão. "[Se quiser] Me classifico fácil [para disputar o torneio], o índice para Gua­­dalaraja é 4,35 metros". No Mun­­dial indoor deste ano, o melhor salto dela foi de 4,82 m.

O vôlei masculino deve levar o time B ao México. O técnico Ber­­nar­­dinho pretende poupar os principais jogadores para a Copa do Mundo, em novembro, no Ja­­pão, torneio que garante antecipadamente três vagas olímpicas. Já a equipe feminina, comandada por José Roberto Guimarães, deve ir com o que tem de melhor.

"Ainda assim, é uma competição que vale a pena. Espe­­cial­­mente para quem não disputou uma Olimpíada. Pode-se viver um clima muito parecido, com Vila Olímpica e tudo mais", diz o ponteiro Murilo. Um dos destaques do vôlei mundial e eleito o melhor atleta masculino do ano na premiação do COB, ele participou de seu primeiro Pan no Rio, há três anos, ganhando a medalha de ouro, quando ainda era mais co­­nhecido como "o irmão do Gus­­tavo".

No judô, um Pan-Americano em Guadalajara valerá pontos para o ranking mundial, classificatório para os Jogos Olímpicos. Mas não o evento poliesportivo de outubro, e, sim, o da própria mo­­dalidade, em abril. "Ainda não sabemos como vai ser a convocação para a competição de outubro. É um evento oficial, não po­­de ser desprezado... Mas talvez valha a pena colocar na balança, avaliar se vale a pena ir com força máxima", diz o judoca Leandro Guilheiro, prata no Rio em 2007. "No meu caso, particularmente, seria uma forma de apagar meu primeiro Pan, em que me machuquei [teve uma lesão nas costas]", afirma, se apegando em uma mo­­tivação pessoal.

Em poucos casos, o caminho para os Jogos Olímpicos passa pelo evento de outubro em Gua­da­­lajara. É o caso da ginástica rítmica e do handebol, modalidade na qual apenas o time medalhista de ouro no Pan estará em Londres em 2012.

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