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Um Pan-Americano que vale por cinco. Esta é a definição perfeita, ao menos em termos financeiros, para a edição 2007 da maior competição da América Latina, que será realizada no Rio de Janeiro. Entre a eleição da cidade brasileira para sediar os jogos, em agosto de 2002, e hoje, há pouco menos de um ano para o início da competição, a previsão de gastos praticamente quintuplicou.

Na época do lançamento da candidatura, um estudo técnico encomendado pela Fundação Getúlio Vargas estimava que o custo total para a realização dos jogos no Rio de Janeiro não passaria de R$ 720 milhões. Quatro anos depois, o montante previsto já chega a R$ 3,4 bilhões, quase cinco vezes mais do que o calculado inicialmente.

Os motivos apontados para a diferença entre a teoria e a prática, contudo, divergem. As duas esferas que viram os seus orçamentos para a competição crescerem desenfreadamente, Município e União, têm explicações diferentes para o aumento exagerado nos gastos.

O argumento técnico vem da prefeitura do Rio de Janeiro: "O orçamento inicial, feito pela FGV, tinha como base os jogos Pan-Americanos. Depois, surgiu a possibilidade de entrarmos na disputa de uma Olimpíada, e foi uma decisão de consenso dar um tratamento olímpico para as instalações. Agora, no dia seguinte ao fim do Pan estaremos prontos para sediar uma Olimpíada", afirma Ruy Cezar, secretário especial dos Jogos Pan-Americanos 2007, que representa o munícipio na competição.

De acordo com ele, as diferenças vão desde a construção do Estádio João Havelange, que não estava previsto inicialmente apenas para o Pan, a todos os outros equipamentos comprados, de uma qualidade "infinitamente superior" ao imaginado no começo. Seria tudo isso que fez o Rio aumentar de R$ 100 milhões para R$ 2 bilhões os gastos previstos – 20 vezes mais.

Para o governo federal, no entanto, o problema foi apenas a inexperiência. "Credito isso a ser a primeira experiência brasileira em organizar uma grande competição e também a uma certa debilidade no planejamento original", afirma o ministro do Esporte, Orlando Silva Júnior.

Sua pasta gastará no mínimo oito vezes do que havia sido previsto originalmente. O gasto inicial que deveria ser de "apenas" R$ 150 milhões já está em R$ 1,3 bilhão. E aumentando...

Cada reclamação da Prefeitura do Rio sobre as dificuldades em conseguir o dinheiro ao qual se comprometeu ressoa no Ministério como um terremoto.

"A previsão era de que fôssemos responsáveis por 17% do orçamento total, mas já chegamos aos 50%. O que tenho dito é que o governo está bem perto do seu limite. Insisto para que os parceiros assumam seus compromissos", diz o ministro.

Curiosamente, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) foi um dos que menos teve seu orçmento aumentado. Iniciou com uma previsão de gastos de R$ 380 milhões e agora vai gastar R$ 691 milhões com organização e outros detalhes específicos da competição.

Também não parece muito preocupado com a possibilidade de os jogos esbarrarem na falta de dinheiro, já que a competição virou praticamente uma realização política, uma questão de honra para o governo federal – ao menos esse é o discurso antes das eleições presidenciais.

"Estamos quase no nosso limite, mas se precisarmos colocar mais recursos teremos de fazer, pois para nós, os Jogos são um vestibular para a realização da Olimpíada de 2016", finaliza Orlando.

O COB foi procurado, mas a assessoria de imprensa não encontrou ninguém com "agenda livre" para comentar sobre o assunto.

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