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A Fifa sacrifica a saúde dos jo­­gadores, a qualidade do futebol e dá prioridade a seus acordos comerciais e de tevê na Copa do Mundo de 2014.

Ontem, a entidade anunciou que vai colocar seleções para entrar em campo nos momentos mais quentes do dia em sedes como Fortaleza, Brasília, Salvador, Manaus, Na­­tal e Recife. Ao todo, 24 das 64 partidas (37,5%) do torneio serão com sol a pino.

Ao entrar em campo logo após o almoço, os jogos serão transmitidos na Europa – o maior mercado do futebol – no início da noite, uma verdadeira mina de ouro para publi­ci­dade e transmissões.

A Fifa já divulgou que os con­­tratos de tevês serão os maio­res da história no Brasil, ainda que a programação deixe claro a decisão de privilegiar a Europa e deixar a Ásia acompanhando as partidas pela madrugada.

Entre as sedes, a maior média de temperatura para junho e julho é registrada em Fortaleza — palco do segundo jogo brasileiro. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia, a média da capital cearense é de 29ºC. A máxima chega a 33ºC.

Em princípio, nada comparado aos 46°C que chega­­ram a ser registrados em 1994, na edição dos EUA. Mas que deve ter reflexo no espe­­táculo. "Teremos prejuí­­zo de rendimento. É só lembrar a Copa dos Estados Unidos, que teve o pior índice técni­co de todos os tempos por causa dos horários inadequados [por volta de meio-dia]", afirmou o fisiologista Turíbio Leite de Barros, da Uni­­­­versidade Federal de São Paulo, à agência Folhapress.

Para o especialista em fi­­si­­o­­­­logia do exercício, Pedro Man­­tovani, porém, as técnicas avançadas de treinamento devem atenuar um pouco os efeitos do calor.

"Todo atleta de alto rendi­­mento faz uma preparação aproximada de alimentação, hidratação e local", destacou. Mesmo assim, Mantovani lembrou que existe o risco de hi­­per­­termia — elevação na temperatura do corpo. "O jogador tem as funções renal e respiratória comprometidas e pode ter cansaço prematuro".

Favorecido, o Brasil foge do horário de ápice de tempe­­ratura ambiente. Entra em campo às 17 h, em São Paulo; às 16 h, em Fortaleza; e às 17 h, em Brasília. Caso vença o Grupo A, a seleção terá de enfrentar o calor do pós-almoço apenas uma vez, nas oitavas de final, em Belo Horizonte.

Curitiba, por sua vez, representa o lado oposto. A mé­­dia de temperatura mínima na capital paranaense é de 8ºC nos meses do torneio. Assim, a seleção que for sorteada para a segunda posição do Grupo E, por exemplo, terá de enfrentar uma verdadeira queda livre nas temperaturas ao disputar jogos em Brasília (13 h), Rio (17 h) e Curitiba (19 h), consecutivamente.

Oficialmente, a Fifa insiste que levou em consideração a distribuição equitativa de todas as seleções, períodos de descanso iguais para todos os selecionados em um mesmo grupo e logística de viagem, além da temperatura. Mas admite que "fatores do mercado global de TV" pesaram na definição.

Para europeu verA tabela do Mundial com os horários de cada partida, divulgada ontem, mostra que 24 dos 64 confrontos serão disputados às 13h locais.

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