Perfil - Técnico faz fama no "mundo B"
O título da Segunda Divisão com o Coritiba reforça o eclético currículo de René Simões. Carioca de 54 anos, o treinador tem conquistas e façanhas expressivas no "lado B" do futebol, especialmente com times nacionais. As mais marcantes, conduzir a Jamaica à Copa do Mundo de 1998, na França, e conquistar a medalha de prata com a seleção brasileira feminina, em Atenas-2004.
René também tem passagem pelas seleções de base no Brasil. No Sub-20, foi campeão sul-americano e terceiro colocado no Mundial de 1989, na Arábia Saudita. Sob seu comando, jogadores como Marcelinho Carioca, Leonardo e Assis (irmão de Ronaldinho). Com a mesma base, venceu o sul-americano sub-17, dois anos antes.
Dirigindo clubes, René se orgulha do vice-campeonato da Segunda Divisão carioca em 1985, pelo Mesquita, primeiro clube da Baixada Fluminense na elite do futebol do Rio. No Vitória, conquistou seu título mais expressivo até este ano (campeão baiano de 2005) e também sofreu o mais duro revés (rebaixado à Série C na mesma temporada).
Recife De saída do clube, o técnico René Simões, que durante a semana foi personagem de uma troca de farpas com o coordenador de futebol João Carlos Vialle, garantiu que não vai embora magoado.
"Absolutamente não. Claro que o título vale alguma coisa no meu currículo, mas o que vale mesmo é a caminhada. Pessoas que ouvi, outras que pude ensinar. Só levo coisas boas daqui. Agradeço por ter trabalhado no Coritiba e à familia coxa-branca por ter me aceitado tão bem", discursou o treinador, que deve voltar à seleção da Jamaica, equipe que classificou para a Copa de 1998.
Para ele, a espetacular virada de ontem corrigiu o que seria uma grande injustiça. "O grupo não merecia nada diferente. Agora, como tudo este ano, o título veio com muito sacrifício. Os jogadores foram leões. Estão de parabéns. Ficamos felizes pela torcida também, que não podia terminar sem comemorar."
No momento mais difícil, com um a menos em campo e perdendo por 2 a 1, ele tirou o lateral-esquerdo Fabinho para colocar o atacante Edmílson. "Não tinha jeito. Soube que o Ipatinga estava ganhando e tivemos de correr o risco. O Kuki podia até ter feito mais um gol para eles e acabou chutando por cima... O importante é que no fim tudo deu certo", comemorou.
Ele ainda teve de superar o abalo causado pela notícia de que um grande amigo teve um derrame cerebral e iria passar por uma cirurgia, recebida pouco antes da partida. Por isso talvez nem possa participar da festa do título, hoje, em Curitiba.