Brasília Dois paranaenses querem o comando da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Corinthians. O senador Alvaro Dias (PSDB) e o deputado federal Dr. Rosinha (PT) pretendem ser relator e presidente do grupo que irá investigar irregularidades no contrato entre a MSI e o time paulista. Além disso, a CPMI pretende apurar problemas fiscais em transferências internacionais dos 40 clubes das séries A e B do Brasileiro nos últimos cinco anos.
Ambos prometem ser duros em relação ao presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira. O cartola age há dois meses no Congresso Nacional para evitar a instalação da comissão. Ele teme que o inquérito possa prejudicar os preparativos para a Copa de 2014.
"Não é a CPMI que vai colocar em risco o Mundial, mas a imoralidade dos nossos dirigentes", diz Dr. Rosinha. O petista prevê trabalhos turbulentos, devido à força da confederação junto a vários parlamentares. "Primeiro, a CBF tentou pressionar os deputados a não assinar a CPMI. Agora, está atuando para que parte dos que colocaram o nome, retirem a assinatura. Depois, irá tentar escalar parlamentares para defender seus interesses."
O pedido de instalação da comissão foi encaminhado anteontem à Mesa Diretora do Congresso. Na Câmara, são necessárias 171 assinaturas e foram reunidas 209. No Senado, são obrigatórias 29 e foram recolhidas 38.
Apesar da margem folgada, não está descartada a hipótese de que a retirada de alguns nomes inviabilize os trabalhos.
Segundo Alvaro, abrir mão da CPMI por imposição da CBF será um vexame para o Congresso. "Já estamos com o moral tão baixo por todos esses escândalos que enfrentamos que não podemos aceitar mais isso", afirma. Em setembro, ele chegou a dizer que não gostaria de participar do comando das investigações, mas agora quer ser relator "devido às pressões provocadas por Ricardo Teixeira".
Tanto Alvaro quanto Dr. Rosinha têm experiência no assunto. O senador foi presidente da CPI do Futebol, realizada entre 2001 e 2002 no Senado. Na época, as investigações denunciaram irregularidades em transferências detectadas pelo Banco Central que chegavam a US$ 20 milhões.
O petista foi membro titular da CPI da CBF/Nike, que apurou em 2001 na Câmara problemas no contrato entre a empresa de material esportivo e a confederação. Ao lado do presidente da comissão Aldo Rebelo (PC do B), se contrapôs à "bancada da bola", liderada por deputados que defendiam interesses de cartolas de todo Brasil.
Apesar do pedido para a criação da CPI já ter sido protocolado, a instalação depende de uma sessão do Congresso (reunião de deputados e senadores), que só deve ocorrer em dezembro. Com isso, os trabalhos devem começar no ano que vem. O prazo de investigação é de 120 dias, prorrogável por mais 60.
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