O CT do Ninho da Gralha, das categorias de base do Paraná, ainda passa por ajustes seis meses após ter sido retomado pelo clube. Terceirizado pela empresa Base, em uma parceria que ruiu por problemas financeiros, o Tricolor reassumiu o local com o intuito de voltar a ser forte na revelação de novos talentos e incrementar a receita com a venda desses meninos. O primeiro passo, além de tentar colocar as contas em dia, é conseguir o Certificado de Clube Formador (CCF) da CBF, dado a equipes especializadas em revelação.
A parte financeira segue sem uma solução ideal, mas a cúpula paranista garante que avançou na superação desse problema crônico. "Antes havia vários meses de salários atrasados dos funcionários, mas agora [os atrasos] estão no nível do [resto do] clube", admitiu o superintendente Celso Bittencourt, confirmando a dificuldade em manter os vencimentos em dia, mas sem divulgar os números. O que se diz nos bastidores é que os salários são colocados em dia perto de completarem um mês de atraso. Segundo um funcionário que não quis se identificar, restaria também o acerto do 13.º de 2011 e de três salários do início do ano.
Administrada essa crise econômica, o Paraná volta sua atenção para o CCF, criado recentemente para atestar clubes cujas bases atendem aos diversos requisitos de presença de comissão técnica e fornecimento de assistência técnica e educacional aos jovens atletas. Com as reformas em andamento da Lei Pelé, será impossível um clube manter garotos sem ter ao menos a certificação "B", a mais básica.
Os times amadores do Paraná chegaram a ter 120 atletas e hoje têm pouco menos de 100 58 moram no CT, em Quatro Barras. "Ao reassumir, diminuímos o número de jogadores e passamos a fazer as compras junto com o profissional, economizando pela quantidade", explicou Bittencourt, ressaltando a integração entre a base e o adulto.
Para estar dentro das exigências, o Tricolor tem de cumprir a lei de manter os menores de 18 anos na sala de aula. Antes da retomada do Ninho, o colégio em que os futuros boleiros estudam chegou a reclamar de falta de alimentação adequada aos garotos.
Segundo Rosiangela Luchese, diretora em exercício do colégio Arlinda Ferreira Creplive, onde os jovens estudam, isso não existe mais. "Hoje estão mais integrados com a cidade, inclusive. A maior dificuldade é que não têm um pai com eles, logo, os contatos são com a pedagoga do clube, que assumiu há pouco", explicou.
Termo do MP
O Paraná assinou em junho um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público do Trabalho (MPT) com itens que vão ao encontro do CCF, que são a proibição de atletas com menos de 14 anos, alimentação, frequência escolar e uma equipe multidisciplinar com pedagogo, psicólogo e assistente social. "Os outros dois clubes da capital já haviam assinado e o Paraná foi o terceiro pela situação financeira que era mais complicada. Hoje, eles estão dentro dos termos, mas a investigação é sempre constante", explicou a procuradora do MPT, Cristiane Sbalqueiro Lopes, que lida com as bases desde 2007.
Algumas das exigências do CCF são novas para as equipes. "Esse serviço de assistente social em bases de clubes de futebol é algo bem recente e que está crescendo", revelou a assistente social da base paranista, Danielle de Morais.
Dentro do Ninho, um dos desafios é ocupar o tempo dos atletas fora dos treinos e das aulas. "Estamos tentando atividades como passeios a parques e museus . Outro projeto futuro é criar uma horta comunitária, já que muitos atletas são de regiões onde há tradição disso", explicou a psicóloga do CT, Patrícia dos Anjos.
Esforço que vale a própria sobrevivência. Para se sustentar, o Paraná aposta na segunda venda dos atletas revelados. "Lucramos mais com uma segunda venda, pois mantemos parte do jogador. No caso do Giuliano [meia atualmente no Dnipro-UCR], ganhamos o triplo com a venda de 20% dele pelo Inter do que na de 80% para os gaúchos", explicou Celso Bittencourt.
Símbolo da autonomia do BC, Campos Neto se despede com expectativa de aceleração nos juros
Após críticas, Randolfe retira projeto para barrar avanço da direita no Senado em 2026
Novo decreto de armas de Lula terá poucas mudanças e frustra setor
Câmara vai votar “pacote” de projetos na área da segurança pública; saiba quais são
Deixe sua opinião