O discurso é um; a realidade é outra. Enquanto a comissão técnica do Paraná faz força para manter o otimismo nas declarações, apesar dos tropeços do time no Brasileiro, o desempenho da equipe em campo, a cada rodada, faz ligar o sinal vermelho na Vila Capanema. As atuações, por ora, não sustentam a expectativa de evolução exaltada antes, durante e, agora, depois da parada da Copa do Mundo.
A derrota do Paraná para o Vitória por 1 a 0 , no retorno do Brasileirão, deixou evidente a discrepância entre o que o que a comissão técnica fala e o que a equipe faz em campo. Mesmo as avaliações feitas pelos jogadores, nas entrevistas pós-jogo, mostram uma preocupação muito mais evidente do que transparece nos discursos dos comandantes.
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Apesar de ter cerca de 20 dias dedicados para treinamentos, pouca diferença foi vista no gramado do Barradão em relação ao que o Tricolor - frequentador assíduo da zona de rebaixamento desde a primeira rodada - já havia apresentado na competição. O time entrou em campo com a mesma fragilidade ofensiva e a mesma postura sonolenta, gradativamente modificada, como vem sendo marca do time nesta Série A, apenas depois de sofrer o gol. “Primeiro tempo a gente começou meio desligado, meio com sono”, declarou Junior em entrevista à Rádio Transamérica. Silvinho, por sua vez, disse que o time estava “disperso”. Rayan fez outro resumo: “desorganizados”.
Responsável por comandar o time na ausência de Rogério Micale, suspenso pela expulsão na partida anterior, contra o Cruzeiro, o auxiliar Ademir Fesan optou por elogiar o adversário e destacar o rendimento ofensivo da equipe tricolor. “Houve uma evolução. Tivemos oportunidades e não aproveitamos. Mérito do Vitória, que soube marcar nossas ações ofensivas, soube jogar em casa”, comentou, reforçando que os baianos tiveram mais posse de bola e amplitude, obrigando o Paraná a jogar no contra-ataque.
De acordo com o site Footstats, os paranaenses tiveram somente duas finalizações corretas durante os 90 minutos do duelo, menos do que sua média do torneio, de 3,5 chutes no alvo. Errou cinco disparou. Significa que a mira esteve calibrada em 29% de suas oportunidades criadas. Já o Rubro-Negro arrematou com precisão 42% de suas tentativas, ou seja, cinco bolas no alvo; sete sem direção.
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Se os números contestam uma eventual melhora do Tricolor no ataque, pelo menos há um consenso sobre os motivos da baixa produtividade no setor. “Qualidade não faltou; frieza, sim”, explicou o auxiliar depois da partida. “Os times têm uma, duas chances e fazem o gol. A gente não consegue reverter as oportunidades que criamos. Precisamos nos concentrar mais para a bola começar a entrar”, analisou o meia Carlos Eduardo.
Único time a não marcar gols de bola parada na Série A, o Paraná reeditou as mesmas deficiências de costume nesse quesito. Chegou a tentar jogadas ensaiadas - artifício que Micale garantiu ter treinado muito durante a paralisação. A execução beirou ao desastre. Em uma das tentativas, a bola foi passada para o adversário.
Disposto a manter o padrão otimista, Fresan ressaltou a “coragem” que o time teve de tentar colocar em ação essas jogadas que estão “sendo ensaiadas já muito tempo” . Menos condescendente com os erros do que o auxiliar, o meia Carlos Eduardo admitiu que as falhas estão sendo repetidas em nível acima do aceitável. Culpou a ansiedade e prometeu, como um dos batedores, resolver o problema.
Na insistência da comissão em defender que o time mostrou evolução na volta da Série A o discurso chega a ser contraditório. “O sentimento é de que perdemos o jogo, mas isso é bom. Poderíamos ter saído com um empate”, resumiu Fresan. Insatisfeito com a derrota em um jogo que o time vinha tratando como uma decisão há 35 dias, Leandro Vilela foi mais taxativo. Disse não admitir “perder ponto para concorrente direto”.
Confira o lance a lance e a ficha técnica de Vitória x Paraná
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