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Hélcio é empresário de jogadores da base do Paraná. | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Hélcio é empresário de jogadores da base do Paraná.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Diretor de futebol do Paraná de junho a novembro de 2016, o ex-volante e empresário Hélcio Alisk atualmente é agente de 13 jogadores da base do Tricolor. Entre eles está a promessa Gabriel Furtado, 17 anos, que está emprestado ao Palmeiras, onde ganhou chance no time profissional .

Os outros atletas são: os zagueiros Marcelo Alemão e Willian; os volantes Jhony (já no profissional), Matheus e Bruno; os meias Lucas Schmidt e Warley; e os atacantes Paulo Bessa, Lucas Sene, Rafael Furtado, Gabriel Nonato e Leonardo.

Hélcio abriu o jogo sobre esta situação. Ele garante que não faz ‘esquema’ e esclarece sua relação com o clube.

Leia a entrevista completa:

Você foi diretor de futebol do Paraná em 2016 e atualmente é empresário de 13 jogadores da base do clube. Você utilizou o cargo na direção para se favorecer no agenciamento desses atletas?

Não, se eu fizesse isso seria banido. Eu fui ético. Quando eu assumi o cargo no Paraná, desliguei minha carteira de agente credenciado na CBF e encerrei minha função como empresário. Eu tenho dois parceiros e, quando fui ser diretor, passei os jogadores para eles. Por exemplo, o Dodô [meia da Chapecoense], eu deixei para o Giuliano Bertolucci cuidar. Quando eu saí do Paraná, retomei meu trabalho, paguei R$ 1,5 mil para ter minha habilitação de volta na CBF. Fiz tudo como deve ser feito corretamente.

Mas você começou a trabalhar com esses garotos antes ou depois da sua passagem pelo Paraná?

Depois. Quando eu estava no Paraná, qualquer outro empresário poderia ir lá falar com estes meninos, mas ninguém foi. Sabe por quê? Porque trabalhar com meninos tão jovens é muito incerto, não dá dinheiro. Só se eu fosse muito burro para fazer esquema aí. Se fosse esquema, eu ia colocar jogadores para jogar no profissional. Agora, fora o Jhony [volante], qual jogador eu tenho lá [no profissional]? Nenhum.

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Então por que você agencia tantos garotos do clube?

Eu não tenho só garotos no Paraná. Tenho jovens do Coritiba e de outros clubes. É pelos contatos que eu tenho. No Coritiba, tenho boa relação com o André Leite [diretor da base]. O tempo máximo de contrato de jogadores da base com o empresário é de dois anos. Tem menino lá que, daqui dois anos, não vai ser nem profissional. Já vai poder trabalhar com outro agente e eu não vou ganhar nada. Eu tenho muito mais gastos com garotos da base. Eu poderia colocar jogadores no profissional, mas eu não coloquei nenhum. O exemplo maior é que eu já dei 40 pares de chuteira de R$ 1,5 mil cada [total de R$ 60 mil] para esses meninos. Eu só tenho gastos com esses meninos. Esse é o meu trabalho, é um investimento. Eu faço isso para tentar ganhar lá na frente.

Eu tenho muito mais gastos com os garotos da base. Eu poderia colocar jogadores no profissional, mas eu não coloquei nenhum. Só se eu fosse muito burro para fazer esquema aí.

Hélcio Empresário e ex-jogador do Paraná

A relação de amizade que você tem com o empresário Carlos Werner, que investe no Paraná, influenciou você a agenciar jogadores da base. Foi como um pedido do clube?

Total. O Paraná confia que eu não vou lesar o clube. Mas quem escolhe o agente é o jogador, ele é livre. Por exemplo, eu queria trabalhar com o Gabriel Pires da base, mas ele escolheu o Giuliano Bertolucci. Paciência. Agora a Taça BH, fui eu que consegui fazer o clube disputar, foi um convite feito porque eu agilizei. Eu corro atrás de competições para as categorias do Paraná. Coloquei o Gabriel Furtado no Palmeiras e o Willian também. A base do Paraná é difícil, as coisas são sofridas lá. Então eu tento ajudar da forma que eu posso, só que ninguém fala. Eu não preciso do Paraná, mas eu acho que sou importante para o clube. Mas eu não vou morrer se eu não trabalhar com esses meninos.

Por que você assumiu o cargo de diretor de futebol no ano passado?

Eu queria ajudar. Me falaram que o Paraná estava acabando e me coloquei à disposição. Eu não estava nem preparado. E foi uma furada, salários atrasados, um monte de problemas. Eu poderia ter jogado meu nome na lata do lixo. Se arrependimento matasse, eu estava morto. Mas eu tive minha contribuição e ninguém fala. Fui eu que apresentei o Rodrigo Pastana [atual diretor executivo] para o Leonardo Oliveira [presidente], que era o cara do perfil que a diretoria queria. Renovei o contrato do Leandro Vilela, fiz o negócio do Jean, do Robson, mas as pessoas só sabem xingar e ver o lado ruim. Mas eu estou pouco me lixando para o que falam.

Foi uma furada, salários atrasados, um monte de problemas. Eu poderia ter jogado meu nome na lata do lixo. Se arrependimento mata-se, eu estava morto.

Hélcio, sobre o período como diretor de futebol do Paraná

Qual é o motivo de tanto arrependimento?

A mágoa eu tinha certeza que ia ser essa: a hora que eu voltasse a agenciar iam falar que estou fazendo esquema. Eu não ia estar dando explicações para ninguém se o Gabriel Furtado não tivesse aparecido no Palmeiras. E pode ser um bom negócio, o Paraná pode lucrar. Mas as pessoas não veem isso. Eu ajudei o Vavá [Durval Lara Ribeiro, ex-diretor] antes mesmo de entrar no Paraná. Ele precisava de jogadores e eu levei o Danielzinho, Henrique e Fernando Viana, todos a custo zero em 2015. Depois o Vavá também saiu com todo mundo xingando e eu até acho que ele ficou chateado comigo por eu ter entrado, eu sinto um pouco isso. Eu não deveria ter assumido o Paraná. Mas eu entrei pelo Carlos [Werner]. Só que eu acho que posso ajudar mais dessa forma atual. Se acharem que não, eu pego e saio de cena.

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