Ex-diretor de futebol do Paraná Clube, Marcos.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Ídolo do Paraná Clube, o ex-goleiro Marcos escancarou os bastidores das turbulências de uma crise interna que assola o clube desde 2018, ano em que bateu recordes negativos na Série A e acabou rebaixado com seis rodadas de antecedência.

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Poder centralizado em Rodrigo Pastana, jogadores descompromissados na queda em 2018, atritos internos em 2019, falta de propostas por Jhonny Lucas, parceria frustrada com a China e ambiente péssimo de trabalho.

Estes foram alguns dos temas comentados por Marcão, que na última segunda-feira (19) publicou carta comunicando o próprio afastamento do Tricolor por se considerar um “diretor de futebol figurativo”.

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Poder centralizado

Trecho da carta de Marcos:  Com pouco tempo de trabalho percebi que não ia conseguir alcançar meus objetivos, porque tudo dentro do clube era centralizado em apenas uma pessoa (...) Analisando o contesto, percebi que estava fazendo o papel de um diretor de futebol figurativo. Minhas ordens não são acatadas.

Entrevistado pela reportagem via Whatsapp (a pedido de Marcos), o ex-diretor confirmou que todo o poder do Paraná era centralizado somente em Rodrigo Pastana em 2018, não deixando margem para outros integrantes do departamento de futebol atuarem.

O então gerente montou o time que foi rebaixado com campanha desastrosa e acabou demitido durante a campanha. Em 2019, Pastana assumiu o mesmo cargo no Coritiba.

Atritos com Maicosuel

Trecho da carta de Marcos: Em dezembro de 2018 foi formada uma comissão que compunha: diretoria, comissão técnica e analistas para contratação de atletas. Eu me posicionei totalmente contra a permanência de um atleta específico que não nos ajudou em nada em 2018. Sem me comunicarem absolutamente nada, agindo pelas minhas costas, esse mesmo jogador foi contratado e só fiquei sabendo no dia da apresentação dos atletas, o que me causou tamanha decepção pela falta de respeito e consideração ao meu cargo, como é possível um diretor de futebol não ser informado da contratação de um atleta?! Na véspera do jogo contra o Cascavel, fui agredido verbalmente pelo mesmo atleta que fui contra a sua contratação,fui agredido por me posicionar contra a falta de comprometimento do mesmo. Nesta situação mais uma vez não tive o apoio da diretoria da forma que mereço . Esperei por uma atitude mais firme diante da gravidade dos fatos.

Em sua carta, Marcos revelou ter vetado a permanência de um atleta do elenco de 2018, mas, mesmo assim, encontrou este atleta na reapresentação do clube em 2019. Antes de um jogo contra o Cascavel, o ex-goleiro relata ainda ter sido agredido verbalmente por este jogador.

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Tirando os meninos da base, apenas o goleiro Thiago Rodrigues e o meia Maicosuel permaneceram na Vila do ano passado para este. Perguntado se fez referência a um destes dois atletas, Marcos respondeu:

“Acredito que todos já saibam quem seja este jogador. O Thiago Rodrigues é um atleta exemplar, que trabalha corretamente e nos ajuda sempre. Ao Thiago apenas elogios e todo meu respeito”.

Jhonny Lucas

Marcos passou semanas na Europa com o presidente Leonardo Oliveira tentando negociar o volante Jhonny Lucas, tido como a salvação financeira do Paraná em 2019. O saldo da viagem: nenhuma proposta concreta do exterior pelo menino.

Uma série de clubes acabou citada como destino de Jhonny, sendo o último deles o Braga, de Portugal. Nada feito. “Tivemos apenas uma proposta no Brasil, do Vasco da Gama, com valor muito baixo. A ida à Europa foi na tentativa de construir uma situação e buscar parcerias”, diz Marcos.

Negócio da China

Trecho da carta de Marcos: E diante de toda essa situação, vendo que não tenho autoridade para conseguir mudar as coisas, em conversa com o presidente decidi me desligar do clube. Para não me prolongar ainda mais, deixarei para falar dos projetos e viagens feitas a Europa, e visita dos chineses ao clube em outra ocasião.

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Se não serviu para negociar Jhonny Lucas, a ida à Europa aproximou o Paraná de investidores chineses, garante Marcos. “Seria uma parceria através de intercâmbio com a entrada de recursos para o clube”, diz o ex-goleiro.

Marcão garante que as conversas estavam avançando, com a possibilidade de vinda de atletas para Curitiba. “Os sonhos que eu tinha para o clube eram promissores”, lamenta o ídolo. “Pedi inclusive ajuda para minha esposa que começou a procurar escola, levantar orçamentos [para a parceria com atletas via China].

Ambiente de trabalho

Trecho da carta de Marcos: A minha segunda preocupação e prioridade foi bater de frente com a falta de comprometimento e profissionalismo de alguns atletas e também de funcionários do clube, que não estavam honrando a nossa camisa. Essa postura era o que realmente mais me machucava

Por fim, Marcos lamentou a atmosfera interna do Paraná. “Infelizmente o ambiente de trabalho com tamanha desvalorização e falta de respeito desmotiva até o maior sonhador”, termina.

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Tabela da Série B 2019

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