O dia 26 de fevereiro de 2020 jamais vai sair da memória do torcedor do Paraná. Quarta-feira de Cinzas. Aquele clima tradicional de Curitiba, com nuvens pretas pairando na Vila Capanema. Um arco-íris contrastava antes de a bola rolar no gramado molhado do Durival Britto. Uma classificação para a terceira fase da Copa do Brasil e R$ 1,5 milhão estavam em jogo.
Do outro lado, o Bahia de Feira, equipe da Série D do futebol brasileiro. Muitos achavam que seria fácil. Mas, parece que nada é fácil quando se trata de Paraná Clube. Com 22 minutos do segundo tempo, o Tricolor perdia por 2 a 0. A paciência acabou. O torcedor vaiou, xingou e até gritou “olé” quando os baianos tomavam conta da peleja.
Muitos paranistas “largaram os bets”. Simplesmente vazaram da Vila Capanema. A garoa ficava mais forte e o terror aumentava. O Paraná tentava de todas as maneiras e parava no goleiro Alan, que pegava de tudo quanto é jeito. “Não dá mais. Essa bola não vai entrar”, disse um torcedor junto ao alambrado da Reta do Relógio. O menino Marcelo teve a oportunidade mais clara. Errou na frente do goleiro, foi substituído e não segurou as lágrimas.
Quando ninguém mais acreditava, aos 46 minutos, o tal do Imponderável de Almeida deu uma bicuda no sapo morto que estava debaixo da meta de Alan. Thales estufou o barbante. Isso não aliviou o clima. A torcida Fúria Independente puxou um coro mesmo após o gol. “Vergonha”, diziam os torcedores.
Eis que o tal Imponderável, um minuto depois, entrou em cena novamente. Coube ao capitão Fabrício dar um toque de leve pra fazer com que pais e filhos subissem no alambrado da Curva Norte pra comemorar. Quem ainda degustava aquele suco de cevada se deu mal. Os copos foram jogados ao alto.
Um torcedor passou mal e teve que ser atendido às pressas no concreto da Vila.
Quando as cobranças de pênalti se aproximavam, Michel sofreu um carrinho criminoso na frente da área adversária. O mundo parou. Um pai ergueu seu filho cadeirante. A piazada tirou o celular do bolso e se preparou, pois a falta era frontal. Era a última chance. Era chutar e esperar o árbitro encerrar o jogo. O silêncio tomou conta. Renan Bressan ajeitou a redonda.
“Concentra só na bola”, disse o capitão Fabrício a Bressan. “Eu tinha a convicção que ia fazer o gol”, relembrou o bielorrusso. A bola beijou o travessão e entrou.
Aí, meu amigo, estava decretado um dos jogos mais marcantes do Paraná Clube. No vestiário, na arquibancada, seja lá onde for, o paranista voltou a sofrer que nem um louco, mas a história, desta vez, terminou diferente. “Foi uma coisa quase impossível, mas no futebol não existe o impossível. Espero que não se repita mais, porque nosso coração não aguenta isso. Já passei por grandes jogos na minha vida. Mas esse vai ficar marcado pra sempre”, concluiu Bressan.
Quem estava na Vila Capanema no dia 26 de fevereiro é um privilegiado. Que jogo!
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