A Gazeta do Povo e a Tribuna do Paraná selecionaram jogos antigos, disponíveis na íntegra na internet, para serem vistos e revistos. Do ponto de vista técnico, tático ou, até mesmo, apenas pessoal, leia como foi a experiência, tanto tempo depois.
"Uma final decidida por Régis e uma bomba de Denílson", por Diogo Souza
A temporada de 1995 iniciou promissora para o Paraná. A começar, principalmente, pelo retorno de um dos grandes ídolos da história do clube. O gaúcho Otacílio Gonçalves, comandante da equipe campeã da Série B de 92, estava de volta, após passagens por Palmeiras e Atlético-MG.
Além de contar com grandes atletas dos últimos anos, como Régis, Gil Baiano, João Antônio e Saulo, o Tricolor ainda se reforçou com a contratação de Mirandinha – que ficou marcado na história paranista por um gol de calcanhar no clássico contra o Furacão.
Grande decisão
Após um empate sem gols no Couto Pereira no primeiro jogo da grande decisão do Campeonato Paranaense, o Paraná contava com a vantagem de um novo resultado igual para sair com o título do Estadual de 95.
Para a partida, Chapinha não contava com o zagueiro Marcão, que havia sido expulso no confronto de ida. Ageu foi o seu substituto. No meio-campo, o jovem Ricardinho era a surpresa.
Pelo lado alviverde, o técnico Paulo César Carpegiani não contava com o artilheiro da competição. Lesionado, Brandão deu lugar a Laurinho. No banco, o Coxa ainda contava com uma das grandes revelações de sua história, o meio-campo Alex.
O velho Pinheirão estava completamente lotado. Saía gente pelo ladrão do antigo estádio, que ainda não havia sido reformado. As torcidas faziam uma bela festa nas arquibancadas, sem parar de cantar um minuto.
O árbitro apitou o início da batalha e o Coritiba logo foi pra cima. Ex-Paraná, o zagueiro Gralak soltou uma bomba de fora da área e só não saiu para o abraço por conta do goleiro Régis, que foi o arqueiro menos vazado daquele Paranaense. O camisa 1, aliás, viria a ser um dos grandes personagens da final nos últimos minutos do jogo.
Aos 5 minutos, a peleja ficou nervosa, após uma entrada de Claudinho em Zambiasi. O lance inflamou os alviverdes, que gritavam “vem pra porrada, vem” nas arquibancadas.
Se de um lado Régis fazia muito bem a sua missão, a história não foi diferente quando Renato era acionado do outro lado. Uma das principais defesas de sua carreira aconteceu neste duelo. Uma não. Foram duas no mesmo lance. Claudinho deu um arremate cruzado, o camisa 1 alviverde espalmou. Paulo Miranda veio que nem um foguete pra complementar e foi parado novamente pelo paredão coxa-branca.
O primeiro tempo foi marcado por muitos erros de passes, faltas, cartões e poucos lances de emoção. No último minuto, Ricardinho ainda marcou pelo Tricolor, mas, o árbitro já havia paralisado o ataque paranista.
Na volta do intervalo, antes de a bola rolar, os torcedores do Paraná já entoavam o coro de tricampeão. Porém, estava longe de ser fácil de o fato se concretizar. O jogo ficou lá e cá no segundo tempo. Aos 14, veio a modificação que iria mudar a história do duelo. O lateral-direito Denilson entrou na vaga de Ricardinho
Não esqueçam de Denilson. A partida esquentava conforme o relógio corria. Claudinho teve uma baita oportunidade de dar tranquilidade ao Tricolor, mas esbarrou novamente em Renato aos 24.
Precisando do resultado, o Coxa partiu pro tudo ou nada. Aos 41, veio então um dos lances mais inacreditáveis da história do clássico Paratiba. Claudiomiro desviou de cabeça e a bola carinhosamente beijou o poste. A redonda voltou nos pés de Ademir Alcântara, que finalizou e Régis operou um milagre. O camisa 1 teve o seu nome berrado pelos paranistas.
Conforme este humilde que vos escreve foi revendo o final da partida, o nervosismo também foi tomando conta. Era um duelo de ataque contra defesa. Um pega pra capar.
Aos 44, Dirceu inventou moda no setor defensivo alviverde, perdendo a bola para Paulo Miranda, que lançou Saulo. De forma completamente atabalhoada, o goleirão Renato saiu da sua área para dividir com o Tigre da Vila. O artilheiro paranista passou pelo arqueiro e tocou de lado para Denílson.
Lembram dele? O lateral reserva deu um toque na frente, armou uma dinamite e soltou o canhão. A bola explodiu no travessão e morreu no fundo do barbante. Festa no Pinheirão. Sinalizadores vermelhos em ação, pulos, gritos e abraços entre torcedores que nem se conheciam. Estava decretado ali o tricampeonato paranaense para o Paraná Clube.
Veja o jogo na íntegra!
- Brasil x Itália, 1982: A tragédia do Sarriá ainda é um pesadelo impossível de acontecer
- Brasil x Suécia, 1958: Muito mais do que o golaço de Pelé (que não foi por acaso)
- Brasil x Argentina, 1990: contra volantes e zagueiros, a vitória da paciência e da fé em Maradona
- Brasil x Itália, 1994 – Um jogo bem melhor do que você lembra. E Pelé, o “profeta”
- Bangu x Coritiba, 1985: Coxa, campeão acima das simplificações
- Athletico x São Caetano, 2001: O jogo que uniu Alex Mineiro e Galvão Bueno
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