O presidente do Paraná, Leonardo Oliveira, confirmou que a demissão do técnico Lisca, anunciada na manhã deste sábado (2) , horas antes do confronto contra o Atlético-MG, pela Primeira Liga, foi motivada por uma agressão do treinador a integrantes da comissão técnica. Lisca havia negado o fato e confirmado apenas uma “discussão forte” .
“Chegou a acontecer agressão e isso resume o fato. O treinador teve sua contribuição, mas isso não dá o direito de fazer o que quiser. Quem vier ao Paraná, tem que respeitar essa camisa“, declarou o dirigente após a derrota por 1 a 0 para o Galo, em Belo Horizonte .
De acordo com o presidente, o ato violento - que ocorreu na noite de sexta-feira, por volta das 19h –, foi testemunhado por várias pessoas, incluindo todos os atletas da delegação paranista que estavam concentrados no hotel.
“Foi um dia muito ruim que acabou com uma falta de respeito tremenda ao Paraná Clube. Isso no expôs e foi presenciado por várias pessoas e por todos os nossos atletas. Vivemos uma situação de falta de respeito à instituição e isso não será tolerado por qualquer pessoa que faça. Isso levou à demissão do treinador”, completou Oliveira.
VEJA a posição de Lisca sobre o assunto
“Dia de fúria”
Principal responsável pela contratação de Lisca, o diretor de futebol Rodrigo Pastana - que não presenciou a briga em razão de uma viagem a São Paulo - concordou com a demissão e diz que espera uma retratação do ex-colega. “Fui eu quem indiquei o profissional ao Paraná e tinha o maior conhecimento sobre ele. Para mim, na verdade, [quando me contaram] a ficha não caía.Uma hora ele [Lisca] vai falar sobre isso com clareza e assumir o erro porque não é uma má pessoa, mas teve um dia de fúria. O Paraná não pode ser responsabilizado por isso”, afirmou.
O que motivou a briga
Logo após o eliminar o Flamengo, nas quartas de final da Primeira Liga, Lisca revelou uma ligação do presidente Leonardo Oliveira deixando claro que a diretoria preferia a utilização do time titular no duelo de sábado, contra o Atlético-MG.
Na coletiva pré-jogo de sexta-feira (1º), o técnico c riticou a competição e deixou claro a vontade dele de escalar um time alternativo para o confronto , poupando os principais jogadores para a disputa da Série B – o time enfrenta o Goiás, na próxima quarta-feira (6).
Esse conflito foi a motivação principal da fúria do treinador. Outro ponto que o deixou descontente foi o fato de o time não ter realizado um treinamento antes da partida semifinal, o que não foi visto como um problema por outros integrantes da comissão técnica pela falta de tempo entre um duelo e outro. Na quinta, a delegação viajou do Espírito Santo para Curitiba e, já no dia seguinte, partiu da capital paranaense para Belo Horizonte.
A discordância de opiniões sobre esses fatos dentro da comissão gerou a discussão que culminou na agressão do treinador confirmada pelos dirigentes.
“O desrespeito começou com questionamentos que não cabiam. Foi o dia inteiro com questionamentos infundados e estourou com uma agressão a um integrante da comissão técnica. A partir disso, você tem que tomar uma decisão porque não tem mais volta”, disse Pastana.
A posição de Lisca
Em conversa com torcedores em grupos do WhatsApp durante o sábado, Lisca havia negado a agressão. Após a entrevista do presidente paranista, a reportagem da Gazeta do Povo procurou o técnico. Ele atendeu, mas preferiu não se manifestar. No domingo, ele divulgou um comunicado em que dispara contra o auxiliar técnico Matheus Costa .
No sábado, ele já havia divulgado uma nota. “Agradeço ao Paraná Clube pelo tempo que trabalhei para a equipe. Saio com a certeza de que o trabalho foi muito bem feito. Infelizmente, neste sábado fui informado da minha demissão. Agradeço à torcida paranista pelo carinho de sempre dado a mim”, escreveu.
Nota oficial do Paraná
O Paraná também tratou do assunto por meio de uma nota oficial publicada em seu site. Confira abaixo na íntegra:
“Existem inúmeros motivos que podem levar um colaborador a ser desligado do seu trabalho.
A partir disso, em nome do Paraná Clube, ressalto que, apesar do trabalho magnífico desempenhado dentro de campo, o técnico Lisca não cumpriu com alguns fatores que se fazem obrigatórios numa relação de trabalho.
O fairplay profissional não é somente um elemento de jogo: é também obrigatório no extracampo. E vale pra todos.
Esta demissão se deu pela extrapolação dos limites da boa convivência.
E a partir de agora, este assunto está oficialmente encerrado. E passará a ser tratado apenas internamente pelo nosso setor jurídico.
Tivemos que escolher por este caminho. Não era o nosso plano. Repetimos: foi uma escolha bastante difícil. Mas fizemos o que tinha que ser feito.
Pedimos a todos os torcedores que evitem proliferar notícias falsas e mais especulações sobre o assunto.
Porque seguiremos em frente.
E a torcida precisa seguir também.
Estamos em 5º lugar na Série B. Esta colocação é fruto do trabalho de muita gente, muita gente. Lembrem-se disso.
E a continuidade deste trabalho segue nas mãos destes profissionais.
O trabalho vai continuar. E, eu asseguro, mais forte que nunca”
Leonardo de Oliveira
Presidente