Respeito, união por uma arquibancada mais democrática e voz nos estádios. É só o que elas querem. Em 2019, mais um grupo de torcedoras paranaenses se uniu para compartilhar experiências, ajudar outras mulheres e demostrar seu amor pelo clube do coração. Desta vez, unidas pelo amor ao Paraná.
O Gralhas da Vila surgiu em outubro para mostrar ainda mais para o Brasil que as mulheres podem conquistar - e já estão conquistando - cada vez mais espaço nas arquibancadas do país para torcer e vibrar.
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“Temos como objetivo principal promover a união das torcedoras do Paraná, mostrar que as mulheres têm espaço dentro do estádio, que estamos lá como torcedoras e não como acompanhantes ou figuras de beleza na arquibancada e conscientizar sobre o respeito às mulheres dentro e fora dos estádios”, elucida Karine Bonato, 28 anos, representante do grupo e apaixonada pelo Tricolor por influência do pai.
O intuito do grupo também é alertar sobre os problemas enfrentados pelas mulheres na sociedade, como assédio e violência física e verbal. O movimento utilizou uma série de relatos sofridos por torcedoras paranistas na Vila Capanema para exemplificar o que todas as mulheres sofrem em diversos ambientes.
Espécie de microcosmo social, os estádios de futebol, por serem um local majoritariamente masculino, acabam intensificando estes tipos de situações. O movimento quer dar voz a todas as torcedoras para que nenhuma se sinta oprimida de denunciar e, claro, de voltar a frequentar os campos.
"Muitas pessoas ainda desacreditam as mulheres, acham que é mentira, que é vitimismo, que a mulher “provocou” aquela situação. Isso faz com que as vítimas acabem não comentando com ninguém. Por isso um grupo feminino é tão importante, pois assim a mulher tem apoio para denunciar e não se calar diante de situações de assédio ou violência”, conta Karine.
“Algumas torcedoras tinham deixado de ir à Vila depois de passarem por situações constrangedoras, outras se afastaram por diversas razões, porém agora estamos fazendo essa reaproximação delas com o ambiente da arquibancada”, completa a paranista.
O Gralhas da Vila já tem 37 integrantes, e a maioria assiste às partidas nos setores na Curva Norte e na Reta do Relógio. Mas, por toda Vila Capanema, é possível encontrar uma “Gralha” apaixonada.
Antes dos jogos, principalmente nos de final de semana, elas se encontram em frente ao estádio para debater sobre o Tricolor e compartilhar experiências. E, as demais torcedoras que também quiserem fazer parte do movimento, é só entrar em contato pelas redes sociais do grupo (Twitter e Instagram)
União com rivais
Athletico e Coritiba também estão representados nas arquibancadas por grupos femininos. Você já leu sobre ambos os movimentos aqui na Gazeta do Povo. Karine Bonato revela que o grupo tricolor entrou em contato com as “rivais” para troca de experiências e apoio para assuntos em comum na luta por uma arquibancada mais democrática e respeitosa.
“Pretendemos, em breve, promover um encontro entre os três grupos para discutirmos pautas pertinentes aos movimentos femininos de arquibancada. Mesmo torcendo para times que são rivais em campo, nossos objetivos são os mesmos. Os três grupos querem promover a união de suas torcedores, buscar a igualdade nas arquibancadas e que o estádio seja um ambiente de respeito e paz para todos e todas. Unidas teremos ainda mais voz, nossa rivalidade se restringe aos jogos”, diz.
Integrantes do Gralhas da Vila parabenizam o Tricolor por seus 30 anos
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