A quitação da dívida que o Paraná Clube possuía com a família de Vágner Bacharel, zagueiro que faleceu em 1990 após um choque de cabeça em partida contra o Campo Mourão, contou com uma triangulação envolvendo o clube, o empresário Carlos Werner e, indiretamente, o meia Giuliano, atualmente no Al-Nassr, da Arábia Saudita.
Primeiro capitão da história paranista, Bacharel faleceu em 20 de abril daquele ano, seis dias após o fatídico lance no gramado da Vila Capanema. A família do atleta processou os médicos envolvidos, o Hospital Evangélico e o empregador Paraná.
Os médicos da ocorrência emergencial foram condenados na esfera cível. O Hospital Evangélico, por negligência, enquanto o Paraná foi considerado corresponsável.
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A decisão judicial entendeu que não havia motivos para um procedimento cirúrgico ter sido descartado como foi.A Justiça determinou o pagamento de 500 salários mínimos por danos morais e dez salários mínimos mensais até a data que Bacharel completaria 65 anos, sendo o hospital e o clube responsáveis pelo pagamento.
O processo criminal, que corria em paralelo ao de responsabilidade civil, absolveu os médicos envolvidos no atendimento.
Com a falência do Evangélico, em 2013, a dívida que era do hospital, cerca de R$ 600 mil, recaiu sobre o Paraná. “O clube já havia quitado sua parte da dívida, mas acabou ‘herdando’ a parte que era do hospital”, assegura Celso Bittencourt, então superintendente do Tricolor.
Por causa do débito, imóveis do clube foram a leilão e verbas penhoradas. Diante das dificuldades da agremiação, a família de Bacharel concordou em fazer um acordo para receber 50% do valor à vista e parcelar a outra metade. Mas as parcelas atrasavam.
Foi então que surgiu a figura de Werner, que desde 2013 investia na base tricolor e, a partir de 2015, passou a comandar uma reestruturação no Paraná. A participação do empresário no caso foi revelada em reportagem recente do UOL.
As penhoras relativas à dívida com a família de Bacharel haviam imobilizado o clube, que não conseguia contratar nem vender jogadores enquanto não quitasse o débito.
Em 2015, com o Tricolor sem verbas, Werner pagou com dinheiro próprio os cerca de R$ 600 mil devidos à família de Bacharel. O Paraná ressarciu o empresário no mesmo ano, com verba proveniente de uma negociação do meia Giuliano, revelado na Vila Capanema.
Em junho de 2014, o Grêmio pagou em torno de 8 milhões de euros ao Dnipro, da Ucrânia, para repatriar o meia. A transação rendeu ao Tricolor cerca de R$ 600 mil, de acordo com a cotação da época, graças ao Mecanismo de Solidariedade da Fifa, que beneficia os clubes formadores.
No caso de Giuliano, o Paraná tem direito a 2,5% de cada transferência internacional do atleta, já tendo angariado milhões com as movimentações de mercado do prata da casa.
Ao coletar o dinheiro da negociação de Giuliano para o Grêmio, o Paraná aproveitou para ressarcir Werner. “Todo este acordo aconteceu em 2015, no período em que respondi pela presidência”, relembra Luiz Carlos Casagrande, atual presidente do Deliberativo paranista.
Vale lembrar que, naquele ano, Werner se tornaria a figura central da nova diretoria, que assumiu após a renúncia do então presidente Rubens Bohlen - procurado pela reportagem, Bohlen preferiu não comentar.
Além de Werner, o novo grupo gestor já possuía o atual mandatário Leonardo Oliveira como um de seus pilares, na figura de espécie de braço direito do então investidor – em 2017, Werner e Oliveira rachariam a parceria, resultando no afastamento do empresário do clube.
Atualmente, Werner cobra R$ 24 milhões investidos no Paraná no período em que participou ativamente da diretoria.
Procurado pela reportagem, Werner preferiu não se manifestar sobre o tema. Atual presidente, Oliveira afirma via assessoria de imprensa que também não se manifestará sobre o caso de Bacharel.
Relembre a cronologia do caso Vágner Bacharel
1990
14/4 - Ao disputar uma bola no alto, Vágner leva uma cabeçada do defensor Charuto, do Sport Campo Mourão. O jogador cai desacordado e depois reclama de fortes dores de cabeça. É atendido pelo médico do Paraná. O jogador foi imobilizado e conduzido ao Hospital Evangélico. O diagnóstico foi de traumatismo cervical e o tratamento iniciado.
16/4 - Vágner recebeu alta médica, decidida pelo médico do Tricolor e supervisionada pelo médico do Evangélico, ambos ortopedistas. O atleta foi para casa, onde continuaria o tratamento, utilizando o colar cervical. No mesmo dia, voltou para o hospital, por causa de fortes dores de cabeça e vômitos. A partir deste momento, ficou aos cuidados de um neurologista. Após exame tomográfico, foi constatada uma fratura no crânio.
17/4 - Devido ao agravamento do quadro, Vágner foi transferido para a unidade de terapia intensiva (UTI).
19/4 - Após novo exame, e a piora do quadro, o jogador foi transferido à pedido da família para o Hospital Cajuru. Às 19h30 foi constatada a morte cerebral de Vágner.
20/4 - Às 9 horas o hospital noticiou que o atleta havia sofrido parada cardíaca irreversível.
23/4 - Começam as investigações sobre o caso. É aberto um inquérito policial e outro administrativo pelo Conselho Regional de Medicina do Paraná. A família do jogador inicia o processo de ação indenizatória na Justiça.
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