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Aymée G. Mattei e Claudiane Cassol, diretoras da Agir: uso da Lei de Incentivo trouxe bons resultados e experiência administrativa | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Aymée G. Mattei e Claudiane Cassol, diretoras da Agir: uso da Lei de Incentivo trouxe bons resultados e experiência administrativa| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Como participar

A Lei de Incentivo ao Esporte (11.438/2006) permite que pessoas físicas e jurídicas destinem até 6% e 1%, respectivamente, de seu imposto de renda a projetos esportivos de entidades sem fins lucrativos. Veja o que é importante saber para pedir o benefício:

- São beneficiados projetos nas áreas socioeducacional, participação e alto rendimento. A lei contempla desde ações de formação de atletas ou realização de eventos até a construção de equipamentos esportivos.

- O primeiro passo é cadastrar-se no site do Ministério do Esporte (www.esporte.gov.br). Os documentos exigidos, formulários e orientações para elaborar a proposta também estão no site.

- A proposta e a documentação devem ser enviadas ao Ministério para protocolação e análise de viabilidade, feita por uma comissão técnica.

- O período para protocolar projetos é de 1º de fevereiro a 15 de outubro. Cada entidade pode apresentar até seis propostas ao ano. O incentivo não vale para o esporte profissional.

- O valor requerido tem de ser justificado com cotações dos serviços a serem prestados. A contratação de profissional para captar os recursos pode constar na proposta, com custos 5% a 10% do valor total, até R$ 100 mil.

Novato, Trieste sofre para captar R$ 3,1 milhões

O projeto mais "audacioso" en­­tre os paranaenses, ao menos em cifras, é o do Trieste Futebol Clube, de Curitiba, orçado em R$ 3,1 milhões. Desde que recebeu a notícia da aprovação, há dois meses, o clube compartilha a mesma dificuldade de grande parte das entidades contempladas pela Lei de Incentivo: convencer o empresariado a destinar parte de seu imposto de renda ao esporte.

"Achávamos que seria mais fácil. Mas há um desconhecimento da classe empresarial sobre a Lei. Perdem de fazer com que parte de seus tributos fique no Paraná", conta o presidente do Trieste, Jaziel Baioni, sobre a captação de verba para o projeto de formação de 600 jogadores de futebol e futsal, entre 5 e 17 anos.

Muitos dos que já ouviram falar do benefício argumentam que já contribuem para a Lei Rouanet (que destina até 4% do IR de pessoas jurídicas a projetos culturais). "São duas leis cumulativas, não excludentes. A empresa que contribui com a Cultura pode também colaborar com o Esporte", esclarece Ricardo Gomyde, assessor do Ministério dos Esportes.

A vice-presidente da Agir, Ay­­mée Giacomazzi Mattei, experi­­ente pelos meses que buscou – e conseguiu – investidores pa­­­­­­­ra a ginástica rítmica, conta que o final do ano é o melhor período para fechar os patrocínios. "Em dezembro, as empresas fizeram o balanço anual, preparam a declaração do IR e estão mais propensas a incluir na planilha a contribuição a novos projetos", diz.

Uma das soluções apontadas pelo advogado José Ricardo Re­­zende está na própria Lei.

"Ela prevê a inclusão do contrato de serviço especializado para elaboração do projeto e captação de recursos, o que não é tarefa simples", fala.

O especialista contratado pode receber entre 5% e 10% do valor total do projeto, com teto de R$ 10 mil.

Ainda timidamente, o esporte pa­­ranaense descobre os benefícios da Lei de Incentivo ao Esporte (11.438/2006) do governo federal, em vigor há três anos. Nos últimos seis meses, o estado teve 12 propostas aprovadas pelo Ministério do Esporte. Desde 2007, o Paraná so­­mou 18 projetos – apenas 4% das 439 propostas aprovadas em todo o país – autorizados a buscar na iniciativa privada um total de R$ 13,3 milhões. A lei determina que em­­presas podem destinar 1% do Im­­posto de Renda para patrocinar o esporte (pessoas físicas contribuem com até 6% do tributo).

Um deles é o da Associação de Gi­­nástica Rítmica (Agir), de Curiti­ba, gerenciada por mães de jovens atletas. Para 2010, a equipe recebeu permissão para captar R$ 748 mil.

Elas sabem bem o quanto esse investimento pode melhorar a prática esportiva. Afinal, é a segunda vez que têm um projeto aceito. As metas e a verba atuais são duas vezes maiores que a proposta anterior, de 2009. Na época, ainda sem experiência administrativa, pediram R$ 351 mil para a criação de um centro de treinamento para 18 meninas de 9 a 17 anos.

"Em poucos meses, começaram os resultados, muito bons. Fomos campeãs geral do Torneio Nacional, vice-campeãs do Brasileiro no conjunto juvenil e tivemos várias atletas vencendo as categorias individuais dos campeonatos estadual e nacional. Sem o incentivo, seria inviável", diz a presidente da Agir, Claudiane Cassol.

A equipe renovou com patrocinadores para 2010 e procura novos parceiros para atender 40 ginastas em dois locais de treinamento, com três técnicas, coreógrafo, preparador físico, fisioterapeuta, professora de balé, nutricionista e psicóloga.

"Ainda é pequena a participação paranaense na Lei de Incentivo. Mas há muito potencial e, em 2010, vários outros projetos serão aprovados", afirma o assessor do ministério do Esporte, Ricardo Gomyde.

Aos 12 aprovados para 2010 fica a lição de que só a autorização do Ministério do Esporte para a renúncia fiscal não garante a execução dos projetos. Além da Agir, só a Fun­­dação Canal 20, de Cascavel, encontrou apoio para o jovem piloto de kart Gustavo Myasawa. Os R$ 12,2 mil arrecadados, porém, não chegam a 0,5% dos R$ 299,3 mil solicitados.

O Paraná já tem pelo menos meio milhão de reais desperdiçados em projetos que não saíram do papel. Os R$ 417,8 mil para a formação de atletas na Federação Paranaense de Canoagem (Fepacan) e os R$ 76,3 mil para a equipe de atletismo Grêmio PK Cables (fabricante de conjuntos elétricos para veículos) não foram somados até o prazo final de captação.

O prejuízo paranaense pode ser ainda maior se a prestação de contas final dos cinco projetos encerrados em 31 de dezembro de 2009 mantiver o que a prestação parcial aponta até o momento: R$ 2,6 mi­­lhões de renúncia ao Leão que não foram redirecionados ao esporte.

A média da captação no Paraná é a mesma nacional – 27% do autorizado. "Ainda falta especialistas nas entidades esportivas para ir em busca dos patrocinadores em todo o país", avalia o advogado especialista em direito esportivo e autor do Manual da Lei de Incentivo ao Es­­porte, José Ricardo Rezende.

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