A noite de domingo chegou com alívio e terminou com voz rouca para a grande maioria dos torcedores do Paraná Clube. O empate em 1 a 1 com a Adap não significou apenas a conquista de um título, mas sim a quebra de um jejum de 9 anos e a recuperação da auto-estima de um time saudoso por grandes conquistas.

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Chegar ao Estádio Pinheirão no início da tarde deste domingo foi um grande desafio. O congestionamento dos carros nas ruas, e de pessoas nas calçadas, era muito grande. Mas ninguém se importava com isso, muito menos os vendedores de faixas, bandeiras, camisas e cacarecos do Paraná. Quando perguntei como estavam as vendas, um deles gritou: "Rapaz! Tâmo vendendo tudo".

E estavam mesmo. Uma onda Tricolor (vermelho, azul e branco), tomava conta da Avenida Victor Ferreira do Amaral. Nada era capaz de tirar a alegria das famílias, casais de namorados e torcedores solitários que chegavam ao Estádio Pinheirão. Alguns cambistas me abordaram oferecendo ingressos a R$ 60, três vezes mais caro que os vendidos durante a semana. Soldados da Polícia Montada passavam por ali a todo instante, mas a venda continuou sem pudores.Uma hora antes do jogo começar já não haviam mais lugar para ninguém. Perguntei para uma turma animada se o título já estava garantido. O torcedor Adriano dos Santos, de 24 anos, me disse: "Demorou cara. Esse título já deveria ter vindo há tempos, mas nós soubemos esperar até agora. Eu sei que o nosso time vai ser campeão e todos nós devemos esse título ao Vavá (Durval de Lara Ribeiro, dirigente paranista, e ao presidente Miranda. Finalmente achamos um presidente competente e Tricolor de verdade".

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"Pô, hoje o pessoal veio. Mas eu sei que torcida é assim mesmo e eles acabam deixando para vir só em jogos decisivos. Espero que todos cantem desde o começo para apoiar nossos jogadores", disse.

A família Tricolor também foi ao estádio. Gladys M. de Oliveira, mãe de Victor Hugo e esposa de Eliberto, debutou em campos de futebol. "É a primeira vez que eu venho ao estádio. É muito bonito tudo isso e eu estou gostando muito. Hoje não tem como o nosso time perder", disse Gladys como porta-voz de toda a família.

Só que a festa antes do jogo não era só dos paranistas. Cerca de 60 pessoas "dominaram" o espaço reservado aos torcedores da Adap que, animados, "batiam bumbo" e gritavam "Leão, Leão". "Não sei se seremos campeões, mas tenho certeza que vamos vencer o jogo. Sou torcedor fanático pela Adap e acompanhamos nosso time onde ele for. Lotamos um ônibus e viemos para cá apoiar nossos jogadores", afirmou o torcedor mourãoense Oswaldo Almeida.

Indo para o campo, encontro o auxiliar Rogériro Carlos Rolim fazendo seu aquecimento no túnel próximo ao vestiário dos árbitros. "Será um belo espetáculo", disse. No gramado, cerca de 400 crianças das escolinhas do Paraná fizeram um corredor desde a saída dos vestiários do Paraná até o circulo central do gramado, para receber o time. O mascote Tricolor, uma Gralha Azul, animava a torcida.

Os dois times entraram em campo e rapidamente foram posar para a famosa "foto do campeão". O árbitro Cleivaldo Bernardo, que anunciou sua aposentadoria antes do jogo, ordena a retirada de dezenas de fotógrafos, repórteres e desavisados que congestionam o gramado.

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E começa o jogo

Como tudo em ordem, o árbitro apita o início do grande e decisivo jogo entre Paraná x Adap. A partir dali foram 90 minutos de tensão, emoção e alegria. Só quem esteve lá pôde dimensionar e entender o que foi esta final.Todo mundo queria ver o espetáculo. Uns roíam as unhas, franziam a testa, suspiravam de alívio e sorriam de alegria. Aos 73 anos, o experiente torcedor Horácio Silveira estava feliz e satisfeito com o desempenho do time. "Já vi jogos mais emocionantes que esse, mas é muito bom acompanhar meu time de novo numa final".

O senhor Horacio começou a torcer para o Paraná em 1949, quando o clube ainda era chamado de Ferroviário (que anos mais tarde virou Colorado, e depois Paraná, em 1989). "Estou muito feliz de estar aqui para ver o meu time ser campeão, ou pelo menos espero que seja". A única queixa do aposentado foi a falta de estrutura do estádio, mas nada capaz de estragar a festa. "Só me doem as pernas de subir até aqui. Mas vale a pena... vale mesmo".

A comemoração Os minutos passaram rapidamente e o apito do árbitro veio acompanhado de gritos, fogos, música e festa para o Paraná Clube.

Os jogadores da Adap deitavam no gramado. Ao fundo a festa Tricolor estampava a cena, mas o desânimo e a sensação ruim de deixar escapar um título eram visíveis no time de Campo Mourão. O semblante deles só mudou, quando os jogadores seguraram em suas mãos o troféu de vice-campeão.

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A comemoração foi grande e o grito de desabafo necessário e previsível. Só que ninguém esperava o que se viu em seguida.

Quando iam para o vestiário, os jogadores receberam uma salva de palmas inédita. Todos os torcedores do Paraná, sem exceção, bateram palmas e gritaram "Adap, Adap" em reconhecimento ao excelente desempenho do adversário. Foi realmente emocionante.

O Pinheirão começou a ficar vazio e o cenário da festa ia mudando com a chegada da noite. O caminhão do Corpo de Bombeiros deixou o estádio no início da noite. O comboio percorreu as principais ruas de Curitiba arrastando os torcedores até a praça Bento Munhoz do Rocha, em frente a Sede do Paraná na Avenida Kennedy. Ali, a festa rolou por muito, muito tempo."Sensacional. Foi emocionante poder participar de uma festa tão bonita como esta. Eu não pude acompanhar o time em todos os jogos, mas me sinto honrado de ter podido estar aqui exatamente hoje com a minha filha, meu genro e uns amigos. Obrigado por esse título Paraná", resumiu o emocionado torcedor Agenor Argenton, em nome de toda a nação Tricolor.

Confira as imagens dos bastidores da grande final.

Veja a ficha técnica da partida

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