Para quem teve a honra de ser convidado para escrever o livro "O vôo certo – a história do Paraná Clube" é doloroso acompanhar o noticiário que vem denunciando o declínio da instituição. A estrutura patrimonial, o amplo quadro social, os recursos financeiros aplicados na época e as conquistas do time em campo apontavam que a fusão entre Colorado e Pinheiros havia dado certo.

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Ao recompor o vasto painel humano e de realizações do Savoia, Britânia, Palestra Itália e Ferroviário que criaram a essência do Paraná Clube, ouvindo os personagens que construíram a história, recebi sinais de dedicação, amor, entusiasmo, destemor e muito trabalho.

Naquele momento o novo clube representava a soma de diversos movimentos na busca do voo seguro para a realização dos sonhos de conquista da torcida tricolor. Com o passar do tempo e, sobretudo, pela escolha equivocada de muitos dirigentes para comandá-lo, o clube iniciou lento, gradual e inexorável processo de esvaziamento. Com a omissão de diversos conselheiros que contribuíram para o fracasso gerencial.

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Tudo foi apontado pela imprensa, mas as providências internas não foram tomadas com o agravante do afastamento de pessoas sérias, bem-intencionadas e competentes que simplesmente se desinteressaram pelo processo de desenvolvimento do Paraná Clube. Aos poucos ele se transformou em um deserto de homens, de ideias e de projetos que pudessem recolocar as coisas nos trilhos novamente.

Agora a crise transbordou e as perspectivas de recuperação, a curto e médio prazo, tornaram-se sombrias, com o custeio do futebol e da estrutura social somado a ações judiciais que corroem o patrimônio.

Há males que vêm para o bem. Há males que vêm para o mal. Às vezes, males que vinham para o mal passam a vir para o bem. E males que outrora vinham para o bem, de repente, voltam a vir para o mal.

O grande desafio é saber quando os males do bem se tornam males do mal. A tentação é seguir acreditando que o que foi feito para o bem para o bem permanecerá. Os homens do Paraná Clube cederam à tentação.

A venda das subsedes para pagar dívidas que deveriam ser renegociadas foi o maior erro. Talvez tenham acreditado que seria um mal para o bem. Não foi. O mal cometido abriu espaço para a permissividade administrativa que agora está ficando fora do controle.

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Chegou a hora de encontrar novo caminho para tentar salvar o que restou. Para isso é imprescindível a conscientização de que do jeito que esta não dá mais para continuar e as medidas a serem tomadas precisam ser drásticas e definitivas para estancar a grave crise.

A esperança é o derradeiro mal, o pior dos males, porquanto prolonga o tormento. Mas a esperança é também o derradeiro mal, o pior dos males, porquanto prolonga a irresponsabilidade.

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