Serginho deve sair
Dificilmente o volante Serginho continuará no elenco paranista após o lance infeliz que originou o primeiro gol santista ontem. Nas entrevistas depois da partida, o técnico Gílson Kleina e o vice-presidente de futebol José Domingos não pouparam o jogador.
Kleina defendeu a estratégia de escalar o volante na lateral-esquerda. "Tem que analisar friamente. Que jogada o Santos fez pelo lado direito? Nenhuma. A zaga estava fechada. Mas vai ficar para a história o erro. Jamais poderia imaginar que o atleta daria um toque de calcanhar. Não sei o que passou na cabeça dele", disse o treinador, que sacou o jogador no intervalo.
O técnico chegou a dizer que o Paraná envolveu o Santos, principalmente na segunda etapa, antes de voltar a lamentar o primeiro gol. "Nós perdemos por uma situação inusitada. Simplesmente entregamos a bola para um time com a qualidade técnica do Santos", acrescentou.
O dirigente foi mais firme ainda nas críticas. "Saio daqui chateado mesmo. Vi jogadores do Santos de renome e com passagens inclusive pela seleção se esforçando muito, enquanto o nosso jogador faz um lance daqueles", reclamou, lembrando que Serginho chegou a ser dispensado no fim do ano passado e só retornou após um pedido do técnico Zetti em janeiro.
"Vamos conversar com o setor financeiro sobre a possibilidade de dispensar alguém", adiantou Domingos.
Mais calmo, o presidente José Carlos de Miranda disse acreditar que com a chegada do lateral-esquerdo Paulo Rodrigues e do meia Rodrigo Beckham a situação tende a melhorar. "Preocupa o distanciamento das primeiras posições. Mas com essas novas contratações podemos dar a volta por cima." (NF)
Desta vez não teve treino secreto que desse jeito. Pelo contrário. Foi justamente em cima da surpresa preparada pelo técnico Gílson Kleina, a escalação do volante Serginho na lateral-esquerda, que o Santos abriu caminho para a vitória por 2 a 0 sobre o Paraná, ontem, na Vila Belmiro.
Novo revés que manteve dois incômodos jejuns: o de vitórias da equipe (agora cinco jogos) e o de gols do centroavante Josiel (seis partidas). Em queda livre, o Tricolor vê o G4 cada vez mais longe e uma aproximação perigosa dos últimos colocados. Conseqüência de quatro derrotas e um empate, que derrubaram o time do terceiro para o 12.º lugar, apenas três pontos acima do Corinthians, primeiro da zona de rebaixamento.
Por mais de meia hora, o Paraná até cumpriu bem a proposta de brecar a dinâmica de jogo santista. O problema era que, com todos os esforços dedicados à marcação, a equipe ficou sem força ofensiva. Dos onze jogadores, oito tinham como prioridade defender, enquanto Josiel e os meias-atacantes Vinícius Pacheco e Vandinho brigavam por raros lances ofensivos.
Mas uma falha basta para derrubar os mais eficientes ferrolhos. E ela veio na displiscência de Serginho aos 37 minutos. O jogador, que até vinha cumprindo bem o papel de evitar os avanços santistas por seu lado, tentou um passe de calcanhar e entregou de bandeja a chance que o Peixe precisava. A partir daí foram apenas três toques até o gol: de Rodrigo Souto para Baiano na linha de fundo e dele para a finalização de Marcos Aurélio.
"Um erro grotesco. Dar de calcanhar na nossa defesa? Nunca vi isso", indignou-se o técnico Gílson Kleina, que sacou Serginho no intervalo para colocar o lateral de ofício Márcio Careca.
O Tricolor ganhou mais presença ofensiva pela esquerda, porém ainda era pouco para incomodar o adversário. O time só melhorou e ensaiou uma pressão a partir dos 25 minutos, após as entradas dos meias Joélson e Éverton nos lugares do volante Adriano e do zagueiro Nem, trocando o time defensivo forjado no treino secreto por um aberto em busca do empate. Mas uma cabeçada de Josiel ainda artilheiro do campeonato, com 12 gols no travessão e uma bela defesa de Fábio Costa em chute de fora da área de Léo Matos impediram a reação.
Qualquer esperança se foi com o contra-ataque que deu ao Santos seu segundo gol, aos 46 minutos, quando já estava mais preocupado em administrar o resultado. Kléber Pereira recebeu na área, deixou Luís Henrique sentado e bateu cruzado na saída de Flávio para fechar a conta. Sem segredo de como fazer um golaço.
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Em SantosSantos 2 x 0 Paraná
SantosFábio Costa; Baiano, Domingos, Adaílton e Carlinhos; Rodrigo Souto, Dionísio (Adriano), Pedrinho (Petkovic) e Kléber; Marcos Aurélio (Rodrigo Tabata) e Kléber Pereira. Técnico: Vanderlei Luxemburgo.
ParanáFlávio; Daniel Marques, Nem (Éverton) e Luís Henrique; Léo Matos, Adriano (Joélson), Beto, Vinícius Pacheco e Serginho (Márcio Careca); Vandinho e Josiel. Técnico: Gílson Kleina.
Estádio: Vila Belmiro. Árbitro: Gutemberg de Paula Fonseca (RJ). Gol: Marcos Aurélio (S) aos 37 do 1.º tempo; Kléber Pereira (S) aos 46 do 2.º tempo. Amarelos: Kléber (S); Adriano, Serginho, Josiel, Daniel Marques, Éverton e Joélson (P). Público pagante: 5.602. Renda: R$ 56.701,00.
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